Quem pariu o pato, que o embale

 

 

Lembra daquele bando de patos verde e amarelo que a Fiesp levou pras ruas, exigindo o impeachment sem crime da presidente Dilma? Essa mesma entidade que articulou e apoiou o golpe agora corre atrás do prejuízo para não ter que dividir com os trabalhadores a conta do pato que pariu. Em estudo divulgado esta semana pela imprensa, a Fiesp reconhece o que a FUP e outras entidades de classe vêm há tempos afirmando: a mudança das regras de conteúdo local, como querem os golpistas, é danosa à indústria nacional, pois reduz a produção, os empregos e a arrecadação.

Em outras palavras, a maior entidade patronal do país, que transformou sua sede “na casa do impeachment de Dilma”, como seus dirigentes proclamaram na época, não quer que os efeitos do golpe respinguem sobre os empresários brasileiros. Acontece que as medidas entreguistas do governo Temer impactam diretamente na indústria nacional.

O desmonte da Petrobrás caminha junto com o fim da política de conteúdo local. O objetivo é escancarar todo o setor petróleo para as empresas estrangeiras, como já fizeram com a operação do Pré-Sal e as novas encomendas de plataformas e equipamentos da Petrobrás.

Na Pauta pelo Brasil, conjunto de propostas que os petroleiros vêm defendendo desde 2015 para que a Petrobrás supere a crise sem ter que abrir mão de ativos e investimentos estratégicos, a FUP destaca a importância de haver uma reserva significativa de conteúdo local nos contratos firmados pela empresa. Foram elencados os ganhos para o país com a geração de empregos e renda, a diversificação e o crescimento sustentável da economia, o desenvolvimento da capacidade produtiva local, gerando também um ambiente seguro para atração de investimentos e, consequentemente, o aumento da arrecadação de impostos.

O estudo da Fiesp aponta que para cada R$ 1 bilhão de investimento na exploração e produção de petróleo e gás, a produção interna de bens e serviços do setor gera R$ 551 milhões para o PIB e 1.532 empregos. A pesquisa também revela que a redução de investimentos e das encomendas da Petrobrás causou uma redução de 14% nos empregos do setor e uma retração de 14,5% na produção, entre 2014 e 2015.

O trabalho feito pela Fiesp só confirma o que os petroleiros sempre alertaram: a Petrobrás é a mola mestra da indústria nacional e sem os seus investimentos a economia e o desenvolvimento do país retrocedem.

É, no mínimo, estranho que o empresariado brasileiro só agora se dê conta de que o maior beneficiado pelo golpe é o capital estrangeiro. As multinacionais não querem só abocanhar o nosso petróleo, mas toda a sua cadeia produtiva.