Em primeiro pronunciamento depois que recuperou os direitos políticos, Lula destacou o sofrimento do povo brasileiro com a pandemia e a crise econômica. Ao falar sobre o desmonte da Petrobrás, ele sinalizou para a possibilidade de reverter o ciclo de desmonte dos últimos 5 anos. “Quem tiver comprando coisas da Petrobras tá correndo risco porque a gente pode mudar muita coisa”, alertou o ex-presidente
[Imprensa da FUP* | Foto: Ricardo Stuckert]
Em coletiva concedida nesta quarta-feira (10), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um alerta sobre o falso “risco Lula” anunciado pela mídia corporativa ao condenar uma possível candidatura do petista em 2022. “Se o mercado quer ganhar dinheiro investindo em coisas produtivas, se o mercado quer ganhar vendo o povo ser consumidor, ele tem que gostar de mim.… Agora, se o mercado quer ver a entrega da soberania nacional, não votem em mim. Nós não vamos privatizar”, afirmou.
“Não tenham medo de mim. Eu sou radical porque quero ir à raiz dos problemas neste país. Porque quero ajudar a construir um mundo justo, mais humano, em que trabalhar e pedir aumento de salário não seja crime”, disse Lula, no primeiro pronunciamento após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, ter anulado as condenações que lhe foram impostas no âmbito da Lava Jato.
A entrevista coletiva foi concedida na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo (SP), onde o ex-presidente viveu vários momentos emblemáticos de sua vida. Foi lá que ele começou sua trajetória sindical e política e foi lá também que saiu e voltou nos braços dos trabalhadores, após ter sido injustamente preso em abril de 2018 e libertado 580 dias depois.
Em seu discurso, Lula fez duras críticas às privatizações no Sistema Petrobrás e à política de preços dos combustíveis. “Quem tiver comprando coisas da Petrobras tá correndo risco porque a gente pode mudar muita coisa”, alertou o ex-presidente, condenando a privatização da BR Distribuidora e de vários outros ativos da empresa que foram vendidos a preço de banana pelos governos Temer e Bolsonaro.
Atenção @Mubadala , Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou:
Quem comprar refinarias e outros ativos da @petrobras está correndo risco. “A gente pode mudar muita coisa”, alertou @LulaOficial pic.twitter.com/il204ZKRWc
— Federação Única dos Petroleiros (@FUP_Brasil) March 10, 2021
“Não é possível permitir que o preço do combustível brasileiro tenha que seguir o preço internacional se nós não somos importadores de petróleo. O Brasil é exportador. Nós produzimos a matéria prima aqui, nós tiramos do fundo do mar, nós conseguimos refinar aqui derivados de qualidade”, afirmou o ex-presidente.
Pandemia: “Não temos governo”
Ao criticar o (des)governo Bolsonaro na condução da pandemia, o ex-presidente Lula relembrou que o Brasil teve várias oportunidades de imunizar a população. “Foram várias vacinas rejeitadas… ele rejeitou a Pfizer e inventou cloroquina”, lamentou. E alertou: “Não siga nenhuma recomendação imbecil do presidente e do ministro da Saúde”. O petista também disse que o Brasil vive um momento caótico. “Não temos governo neste país! Não cuida da economia, do emprego, da saúde, do meio ambiente”, destacou.
“Moro é o maior mentiroso da história do Brasil”
Lula também afirmou que vai continuar brigando juridicamente para que seja declarada a suspeição do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro. O julgamento do caso, a cargo da Segunda Turma do STF, foi interrompido, após o ministro Kassio Nunes Marques pedir vistas do processo. Os ministros Gilmar Mendes e Lewandoswi votaram pela suspeição. Por sua vez, a ministra Cármem Lúcia deu indícios de que pode rever seu voto proferido na primeira sessão do julgamento, em 2018, desta vez se posicionando contra a conduta de Moro.
Lula chamou o ex-ministro de Jair Bolsonaro de “o maior mentiroso da história do Brasil”, e que ele era considerado “um herói, por aqueles que queriam me culpar”. “Deus de barro não dura muito tempo”, provocou. Tenho certeza que hoje ele deve estar sofrendo muito mais do que eu. Dallagnol deve estar sofrendo muito mais. Porque eles sabem que cometeram erros. E eu não cometi”, declarou.
Veja a íntegra da entrevista coletiva:
[*Com informações da Carta Capital, da Rede Brasil Atual e da Revista Fórum]