`Quem é contra a corrupção não quer golpe e sim reforma política`

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O jornalista Paulo Moreira Leite, articulista do site de notícias Brasil 247, avaliou as manifestações de domingo, 15, como uma clara disputa pelo controle do Estado. “Não buscam reivindicações específicas. Buscam o poder”, declarou em artigo publicado nesta segunda-feira, 16.

“Sociologicamente falando, foi basicamente uma parcela de eleitores de Aécio Neves que foi para a rua. Eram cidadãos de classe média, em sua maioria. Os mais influentes do ponto de vista social, econômico e cultural. São cidadãos que têm uma mídia que expressa seus interesses, e acessam um Estado que, do ponto de vista histórico, sempre foi organizado para servi-los”.

No programa da Rádio Brasil Atual desta segunda-feira, 16, o analista político Paulo Vannuchi afirmou que as manifestações dos dias 13 e 15 mostraram que “há um choque de visões políticas bastante opostas”, no país e que caberá ao governo Dilma Rousseff reverter o ataque da extrema-direita, que tenta anular os resultados das eleições de 2014 por vias não democráticas.

Para ele “o ambiente é de golpismo, de busca de saídas não democráticas”, não mais no velho modelo de golpe militar, mas a partir de articulação entre o Legislativo, o Judiciário e o “partido da mídia”, e que tais esforços podem ser bem-sucedidos, a menos que as manifestações do dia 13 “simbolizem uma reorientação” da parte do governo. “Se Dilma tiver coragem de fazer isso, as manifestações de sexta-feira (13) se repetirão, se ampliarão. Quem pôs na rua, na Avenida Paulista, entre 50 mil a 100 mil pessoas, é capaz de colocar 300 mil, 500 mil, igualando os números de ontem”, analisa.

Segundo Vannuchi, a principal força de oposição é a grande imprensa, que pauta, diariamente, a atuação dos agentes políticos de partidos de oposição, que seguem à risca o que mandam os editoriais dos “jornalões”. Para ele, “vencer o partido da mídia em um contexto econômico de dificuldade é uma tarefa muito mais difícil”, mas possível, por meio da multiplicação dos esforços da mídia alternativa e da mobilização popular, mas isso vai depender das próximas ações do governo Dilma.

Já o sociólogo Marcelo Zero alerta que “quem é realmente contra a corrupção não aposta em impeachment, eufemismo para golpe, aposta na Reforma Política”. Em artigo publicado no site Brasil Debate, ele destaca que “a corrupção se combate com instituições independentes de controle e com a promoção da transparência na administração pública”.

Marcelo Zero ressalta que isso já vem sendo feito, lembrando que “o fortalecimento e a crescente independência de instituições como a Polícia Federal, a CGU, o Ministério Público e as procuradorias, bem como a instituição do Portal da Transparência e a promulgação da Lei de Acesso à Informação, criaram uma nova situação, na qual se torna impossível engavetar qualquer processo ou varrer qualquer suspeita para debaixo do tapete, como se fazia até um passado recente”

Para ele “passou da hora das forças políticas responsáveis baixarem a bola da disputa política sem limites e sem freios”, alertando que “ou todos jogamos o jogo da democracia e do respeito mútuo ou vamos, todos nós, perder o jogo do desenvolvimento econômico e social e as grandes e inegáveis conquistas que fizemos nos últimos anos”.

Jornalistas Livres mostram o que você não vê na grande mídia

O jornalismo colaborativo tem ganho cada vez mais espaço nas redes sociais, com reportagens que se diferenciam da grande mídia. São relatos e coberturas engajadas, que levam ao leitor e ao internauta lados diferentes sobre um mesmo fato. Assim como ocorreu com o Mídia Ninja na cobertura das manifestação de junho de 1013, nos protestos e manifestações dos dias 13 e 15 de março, o grupo Jornalistas Livres teve uma grande repercussão, com matérias, fotos e vídeos compartilhados a cada segundo, fazendo o contraponto com a mídia conservadora. Em sua página no facebook eles se autodeclaram como “Jornalistas Livres em defesa da democracia: Cobertura colaborativa de narrativas independentes e plurais, contra a parcialidade da mídia tradicional”. Para entender as manifestações dos dias 13 e 15 sob uma outra ótica, acesse  facebook.com/jornalistaslivres.