Manifestação foi convocada após a morte de um supervisor que infartou na refinaria
Trabalhadores de outras categorias somaram-se aos petroleiros em um ato pela vida na manhã deste domingo (08), em frente à Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). A manifestação foi motivada pela morte do supervisor de mecânica Pedro Alexandre Bagatin, aos 48 anos, ocorrida na sexta-feira (06), após sofrer um infarto nas dependências da refinaria.
O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, participou do protesto e fez duras críticas ao modelo de gestão, que prioriza o lucro em detrimento da segurança. “Tudo o que importa na empresa é a produção. Para os gestores, o preço da vida é o pagamento de um seguro. Aí está resolvido o problema da segurança. Quem vai chorar somos nós. Aqui não está a discussão se o colega era da equipe de contingência, não é o caso. Era um ser humano que deixa família e amigos, que foi submetido a um sistema que é perverso. O setor petróleo mói trabalhador sem dó. Estamos com 20 mortes em 2015 e ainda nem chegamos ao final do ano. A empresa faz de conta que não está acontecendo nada”.
Rangel ainda disse que a Pauta pelo Brasil, documento que reúne as reivindicações da categoria petroleira, pede uma nova política de saúde e segurança na Petrobrás. “É um ponto central para nós”, afirmou.
O conselheiro de administração da Petrobrás eleito pelos trabalhadores, Deyvid Bacelar, também veio participar do ato na Repar. Ele citou alguns casos que presenciou durante a greve dos petroleiros na Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia. Segundo Deyvid, um pai e uma mãe foram até o portão da RLAM com um saco de remédios na mão para entregar ao filho de 22 anos, um petroleiro de apenas um ano na empresa, que estava impedido de deixar a refinaria após vários dias de trabalho contínuo, mantido em cárcere privado. “Mesmo assim não pode sair da refinaria. Outra situação foi de uma operadora que estava com o filho de um ano chorando sem parar porque estava com saudades da mãe. A gestão da refinaria disse que ela só poderia sair se outro operador entrasse, em outra situação de cárcere privado. São instrumentos de pressão da empresa que se aplicam até mesmo com as pessoas que estão dentro da empresa furando a greve. Aqui infelizmente aconteceu isso com o supervisor Pedro Alexandre, que com certeza também estava sofrendo as pressões da gestão da Repar. Cabe sim um repúdio às ações da gestão da empresa em todo país e acabou levando a mais uma morte dentro do Sistema Petrobrás. Uma correlação direta com uma patologia que ele já possuía e que com certeza os médicos do trabalho identificaram e houve uma decisão de mantê-lo ou permitir a entrada dele na refinaria. Cabe um repúdio que demonstra claramente a péssima gestão e política de SMS na Petrobrás”, destacou.
O presidente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina, Mário Alberto Dal Zot, frisou a responsabilidade do gerente-geral da Repar, João Ricardo Barusso Lafraia, com a segurança durante a greve. “Ele terá que decidir se esta refinaria vai parar com ou sem segurança. Nós estamos aqui para pará-la com segurança, com companheiros dispostos a parar. Agora, se vai continuar arriscando, a responsabilidade é única e exclusiva dele. Até agora só percebemos atos irresponsáveis do gestor, que, ao invés de negociar efetivos e cotas de produção, como determina a Lei de Greve, prefere colocar os trabalhadores em risco, delegando a operação da Repar a um grupo de contingência insuficiente e despreparado”.
Mário ainda deu um recado aos dirigentes sindicais que irão participar da reunião de negociação com a Petrobrás nesta segunda-feira (09), no Rio de Janeiro. “Vocês têm o respaldo da categoria petroleira do Paraná e Santa Catarina, e falo pelos petroquímicos também, para negociar e não se sujeitar a rebaixamento nenhum dentro da nossa Pauta pelo Brasil. Nós, do Paraná e Santa Catarina, continuaremos com a greve, firmes e fortes”, finalizou.
Fonte: Sindipetro PR/SC