O evento conta com a participação de trabalhadoras próprias e terceirizadas o Sistema Petrobrás, incluindo ativas, aposentadas e pensionistas, o que reforça seu caráter classista
[Por Alessandra Murteia, da imprensa da FUP]
Com o tema “Nunca mais sem nós”, começou nesta terça-feira (23) o Primeiro Encontro Unitário de Mulheres Petroleiras da FUP e da FNP, que reúne trabalhadoras de todo o Brasil em um histórico debate sobre a unificação de estratégias de organização e combate a todas as formas de opressão e assédios no Sistema Petrobrás. O evento acontece até quinta-feira, 25, no icônico Instituto Cajamar, em São Paulo, escola de formação sindical, criada em 1986 pela classe trabalhadora organizada, mas que nos últimos anos vem atravessando uma grave crise, correndo o risco de ser desativado.
É a primeira vez que as duas federações de trabalhadores petroleiros realizam um encontro nacional, buscando construir uma proposta conjunta, que tenha por foco principal o enfrentamento aos assédios moral e sexual que as mulheres enfrentam no Sistema Petrobrás. O encontro conta com a participação de trabalhadoras próprias e terceirizadas, da ativa, aposentadas e pensionistas, reforçando o caráter classista do evento.
O protagonismo das mulheres petroleiras na reconstrução da unidade da categoria foi bastante enfatizado e celebrado durante a solenidade de abertura. A coordenadora do Coletivo Nacional de Mulheres Petroleiras da FUP, Patrícia Jesus Silva, e Natália Russo, diretora da FNP, destacaram o cráter pedagógico do encontro para o avanço da organização das trabalhadoras, realçando a importância da diversidade de pensamentos e pautas e do debate fraterno e respeitoso.
Lideranças mulheres de movimentos sociais e de partidos do campo da esquerda estiverem presentes, entre elas Junéia Batista, Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT; Daiane Hohn, da coordenação nacional do MAB; Leile Teixeira, do MPA; Lucinéia de Freitas, do Setor de Gênero, da direção nacional do MST; Júlia Aguiar, vice-presidente da UNE e do Levante Popular da Juventude; Maria Luiza da Costa, da Marcha Mundial de Mulheres; Juliana Bruno, coordenadora estadual do MTST em São Paulo; Gizelle Freitas, covereadora de Belém pela Bancada Mulheres Amazônidas (PSOL-PA); Vera Lúcia Salgado, do PSTU; e Sirlene Maciel, codeputada da bancada feminina do PSOL em São Paulo.
Também participaram da abertura os coordenadores da FUP, Deyvid Bacelar, e da FNP, Adaedson Costa, que ressaltaram a dimensão histórica do encontro e o papel precursor das mulheres na reconstrução da unidade nacional da categoria. “Esse é um passo importantíssimo que as companheiras estão dando, um exemplo que todos nós das direções da FUP e da FNP devemos perseguir”, afirmou Bacelar, lembrando que, se no passado, a divisão da organização sindical petroleira foi protagonizada por homens, agora a unidade está sendo reconstruída pelas mãos das mulheres.
Análise de conjuntura
Após a solenidade de abertura, foi realizada a primeira mesa temática, cujas convidadas fizeram uma análise de conjuntura sobre a ascensão do fascismo e o impacto desse processo sobre as mulheres. O debate foi coordenado pelas petroleiras Míriam Cabreira (FUP/Sindipetro RS) e Cidiana Massi (FNP/Sindipetro SJC), com participação de Dalila Calixto, do MAB; Leile Teixeira, da coordenação do MPA no Rio de Janeiro; Lucineia de Freitas, do MST; Érica Andreassy, pesquisadora do Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese); Camila Lisboa, presidenta do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.
As palestrantes enfatizaram que o avanço do fascismo é resultado do capitalismo em crise e que ambos fenômenos estão diretamente conectados, impactando, principalmente, as mulheres negras, as camponesas e os camponeses, os povos indígenas, a população LGBTQIA+, as trabalhadoras e os trabalhadores.
Durante a análise de conjuntura, todas foram unânimes em afirmar que, apesar da vitória eleitoral de um projeto político do campo democrático e popular, a extrema direita e o bolsonarismo não foram derrotados, enfatizando que o governo Lula é um governo em disputa permanente. “É um desafio gigante, já que precisamos disputar também a sociedade, pois o fascismo se caracteriza por ganhar corações e mentes do povo miserável, dos excluídos”, destacou a líder do MST, Lucineia de Freitas.
Encontro prossegue até quinta
Veja a programação de quarta e quinta e acompanhe a cobertura do Encontro Unitário de Mulheres Petroleiras da FUP e da FNP nas redes sociais das federações.
Quarta-feira, 24/05
8h – Café da manhã
9h – Mesa 2 – Formas de Opressão e construção social de gênero
12h – Almoço
13h30 – Mesa 3 – Exemplos de Políticas de Resistência e Combate ao Machismo
16h30 – Intervalo
17h – Mesa 4 – Instrumentos existentes na Petrobrás para combate às opressões (políticas de equidade de gênero e responsabilidade social)
19h – Jantar com atividade cultural
Quinta-feira, 25/05
8h – Café da manhã
9h – Plenária
12h – Encerramento/Almoço