Jovens diretores de sindicatos dos ramos têxtil, químico e metalúrgico filiados à CUT e à Força Sindical participaram nos últimos dias 13 e 14 de setembro do 2º seminário nacional do “Projeto de educação e potencialização sindical regional da juventude da IndustriALL Global Union na América Latina e Caribe” com apoio da DGB da Alemanha. O evento aconteceu na Colônia de Férias dos Químicos em Praia Grande, no Litoral Paulista, com a participação de cerca de 20 jovens, entre homens e mulheres.
O projeto tem como objetivo capacitar jovens líderes sindicais que participam e atuam tanto em seus sindicatos como nas estruturas globais da INDUSTRIALL. São seis módulos a serem completados em 03 anos, e cada módulo possui um seminário com tema específico definido pelos coordenadores do projeto. Neste segundo módulo, o tema foi a IV Revolução Industrial, também conhecida como Indústria 4.0.
O tema é relativamente novo e pouco debatido tanto na sociedade quanto dentro das estruturas sindicais, e por isso mesmo configura mais um desafio para quem tem pouca experiência no meio. Para Andressa Delbons, da Federação Única dos Petroleiros, “O debate sobre a indústria 4.0 é particularmente pertinente, se pensarmos que estamos nos avizinhando do Dia Mundial de Combate ao Trabalho Precário, 7 de outubro. Não estamos discutindo somente o futuro, estamos discutindo também o presente. A quarta revolução industrial já faz parte das nossas vidas e um dos seus (possíveis) efeitos é a precarização do trabalho, o que é particularmente preocupante quando inserida dentro do contexto do Brasil pós golpe”.
Neste momento o Brasil debate o projeto de país que será implementado nos próximos 4 anos e que será decidido nas urnas em outubro. Muito se fala em geração de emprego e renda, mas a maioria dos candidatos sequer discute os impactos das novas tecnologias para o emprego. A uberização dos serviços já é uma realidade. Como lidaremos com ela?
Essa foi uma das discussões travadas pelos jovens sindicalistas, que iniciaram as atividades contextualizando o momento político do país e relembrando alguns fatos importantes da história do Brasil, desde a sua industrialização até a história recente.
Delbons ficou responsável por apresentar aos demais participantes o painel “Juventude e Democracia”, onde pode fazer o resgate histórico das jornadas de Junho/13 e como elas influenciaram na imposição de uma agenda que fora rejeitada nas urnas nos últimos 16 anos.
É importante destacar o protagonismo político do jovem e trazer a reflexão sobre a responsabilidade que eles têm de construir um Brasil mais justo. A “política apolítica” abre mão da disputa da narrativa e cria o vácuo necessário para a deturpação dos movimentos populares. De 2013 a 2016 tivemos manifestações com grande participação popular e que tinham como pautas por exemplo a redução de tarifas dos transportes, a melhora da saúde e da educação. Essas manifestações foram tomadas por grupos políticos que se aproveitaram para entregar justamente o contrário: redução dos direitos trabalhistas, entrega do pré-sal e precarização dos serviços públicos.
A única maneira de reverter esse cenário é empoderando esses jovens, para que tenham subsídios suficientes para o debate e a des-demonização da política, dos sindicatos e dos partidos políticos, pois são justamente esses os agentes da transformação social. A melhora das condições de vida e trabalho só podem vir da organização dos trabalhadores, e os jovens trabalhadores e trabalhadoras precisam estar inseridos(as) nessa construção.
Fonte: CUT/RJ