O que esperar do Balanço da Petrobrás que sai hoje no final do dia?

A Petrobrás divulgará hoje (13/11) no final do dia o seu balanço do 3º trimestre de 2017. Os resultados (em termos de lucros) deverão ser bem maiores do que o observado no 2º trimestre (lucro de R$ 316 milhões). O mercado estima um lucro de R$ 3,56 bilhões mesmo sem grandes modificações no que diz respeito aos resultados operacionais entre o 2º e 3º trimestres. Isso se deve ao fato que a Petrobras não terá provavelmente grandes despesas extraordinárias como verificado no 2º trimestre de 2017 em decorrência de ajustes e pagamentos de tributos.   

Esses prováveis lucros podem ser explicados pelo pequeno aumento da receita de 1,2% (segundo estimativas do GEEP/FUP) e, sobretudo, pela redução dos custos decorrentes da maior produção de petróleo no pré-sal onde os custos de extração já estão abaixo de U$ 7 barril.

O pequeno aumento da receita estimado, mesmo com a queda da produção de petróleo e gás entre o 2º e o 3º trimestre de 2017 (de 2.224,6 mil barris por dia para 2.197,3 mil barris por dia), ocorreu em virtude da elevação dos preços dos derivados, já que a produção segue em queda o que deverá reduzir a taxa de utilização das refinarias. Com isso, deverá ocorrer uma redução da lucratividade no segmento de refino em decorrência do aumento desses custos.

O outro lado disso, é o aumento da importação de derivados no 3º trimestre de 2017 realizados por outras empresas. Isso implicará provavelmente na redução da participação da Petrobras nesse mercado, pois a sua produção continua em queda (-0,1% segundo estimativas do GEEP/FUP).

As receitas de exportações de óleo cru da Petrobras deverão crescer apenas 1% entre o 2º e o 3º trimestre de 2017, mesmo com aumento estimado de 9% da quantidade exportada (de 487 mil barris dia para 531,5 mil barris dia, segundo estimativas do GEEP/FUP). A expansão das receitas só não deverá ser maior em virtude da valorização cambial.

Os dados do 3º trimestre deverão reforçar a tendência em curso (1) do aumento das receitas oriundas da exportação de petróleo crú – que saltou de 7% no 1º trimestre de 2016 para 14% no 2º trimestre de 2017) e, em contrapartida, (2) a redução da participação da Petrobras no mercado nacional de derivados.

Essa estratégia amplia a exposição da empresa a variáveis que ele não controla como câmbio e preço do petróleo quanto ela opta por privilegiar a exportação em detrimento do refino. Isso amplia o risco futuro ao concentrar suas atividades na área de produção e exploração dado a forte integração vertical que caracteriza o mercado de petróleo (do poço ao poste) em virtude dos seus custos e riscos.

 Esses resultados deverão ser saudados pela companhia e pelo mercado. Vão argumentar novamente que a atual gestão teria colocado a Petrobrás no rumo correto, salvando a empresa!

Isso é um argumento falacioso, pois os prováveis melhores resultados financeiros do 3º trimestre de 2017 são frutos: do aumento recente do preço do barril do petróleo; do desmonte do Sistema Petrobrás, com a venda de ativos e demissões de trabalhadores; e iii) dos resultados operacionais positivos com a redução dos custos de exploração do pré-sal fruto da expansão dos investimentos realizados em gestões anteriores.