O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) apresentou nesta segunda-feira, (20), uma contraproposta a ser levada ao governo federal na tentativa de reabrir as negociações com a categoria, em greve há três 93 dias. O texto aceita o piso salarial sugerido pelo governo, de R$ 2.018,77, e pede aumento entre os níveis da carreira de 4% a 5% – o Executivo propunha reajustes variáveis que, na visão do Andes, representavam uma perda para a maior parte dos docentes. A greve conta a participação de 55 das 62 universidades federais.
“O embate dos docentes é contra um governo que defende de forma intransigente o seu projeto de educação e de desestruturação de nossa carreira e que já tenta implementar o Reuni 2, certamente com a criação de mais unidades precarizadas e sem as mínimas condições de trabalho”, afirmou o comando de greve, em nota. O Reuni é o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, que prevê a expansão das universidades federais. Na visão do Andes, um novo ciclo de crescimento poderá prejudicar o desenvolvimento normal do trabalho. O comunicado reforça que a prioridade das reivindicações é a estruturação da carreira, e não o reajuste salarial.
Por outro lado, o Ministério do Planejamento afirma que as negociações com os professores já foram encerradas em 3 de agosto, quando a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes), um dos três órgãos que representam os docentes, assinou a segunda proposta do governo. A instituição congrega oito universidades federais e representa, ao todo, professores de 21 instituições de ensino superior, em 77 campi.
Não aceitaram a proposta o Andes, que reúne 54 universidades, e o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), que congrega cerca de 300 campi dos institutos federais de educação técnica.
Até amanhã (21) as universidades federais que mantêm a greve realizam assembleias para validar a contraproposta. Na quarta-feira (22), os professores participarão de uma audiência conjunta das comissões de educação da Câmara dos Deputados e do Senado para debater a reestruturação da carreira dos docentes. Ainda não há data definida para entrega do documento.
Universidade de Brasília
A Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB) marcou uma nova assembleia para sexta-feira (24) para rediscutir o fim da greve na instituição. Na última sexta-feira, uma assembleia com a participação de cerca de 250 professores decidiu interromper a paralisação, que durava quase três meses. Mas o comando local de greve questionou a validade dessa assembleia e pediu a retomada da greve.
Inicialmente, a assembleia que decidiria pelo fim da greve estava marcada para amanhã (21), mas foi antecipada para a última sexta-feira. O comando de greve local avaliou que a decisão não era válida e pediu que fosse mantida a reunião de amanhã. De acordo com Rodrigo Dantas, membro do comando, a realização de uma assembleia só na sexta-feira é “inadmimissível”, porque a universidade passaria uma semana “no limbo”.
O comando local ainda está reunido avaliando essa proposta, mas segundo Dantas dificilmente será aceita a data proposta pela ADUnB. Segundo ele, a nova assembleia deverá ser marcada para “o mais rápido possível”. “A greve foi encerrada numa assembleia ilegítima e hoje praticamente não teve aula, a universidade está absolutamente esvaziada”, disse.
De acordo com a ADUnB, não seria possível fazer uma nova assembleia amanhã porque pela lei essas reuniões precisam ser marcada com um prazo mínimo de antecedência. Como na quarta-feira e na quinta-feira haverá eleição para reitor na universidade, a solução foi agendar a nova assembleia para sexta-feira. A orientação do sindicato é que, enquanto não for tomada uma nova decisão sobre a manutenção da greve, as aulas sejam mantidas.