Primeira TV dos trabalhadores entra no ar dia 23 de agosto

No próximo dia 23, entra no ar a TVT, a primeira emissora de televisão administrada e voltada para os trabalhadores…











Imprensa da FUP com informações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

No próximo dia 23, entra no ar a TVT, a primeira emissora de televisão administrada e voltada para os trabalhadores. A transmissão será feita pelo canal UHF 46, de Mogi das Cruzes (SP) e pela TV Web do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que detém a concessão da emissora, através da Fundação Sociedade Comunicação, Cultura e Trabalho. Foram 22 anos de luta, desde a entrega da primeira solicitação de concessão ao Ministério das Comunicações, em setembro de 1987, até outubro do ano passado, quando o presidente Lula assinou o decreto autorizando o pedido. Ao longo destas duas décadas, os metalúrgicos participaram de quatro concorrências de concessão de radiodifusão, todas preteridas, até que finalmente conquistaram a concessão, em abril de 2005.

“Enfrentamos interesses políticos, burocracia e muito preconceito, mas abrimos um novo espaço para que outras categorias e movimentos sociais possam se expressar”, ressalta Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A emissora transmitirá programas voltados para os trabalhadores em 27 canais comunitários da região da Grande São Paulo e em mais de 240 pontos de abrangência da Rede NGT, que tem emissoras próprias no estado paulista e no Rio de Janeiro, além de uma rede de TVs afiliadas, que atingem atualmente cerca de um quarto do território nacional. A TV dos Trabalhadores (TVT) poderá também ser acessada pela internet, através do portal dos metalúrgicos: http://www.smabc.org.br

A emissora será um canal educativo, com foco na informação, cultura e história do trabalhador. Terá inicialmente uma programação enxuta, com uma hora e meia de produção própria diária, com destaque para um telejornal que será exibido de segunda a sexta-feira. A TVT também terá em sua grade própria programas culturais e documentários. O restante da programação será preenchido através de parcerias com a TV Brasil, TV Senado e a TV Câmara.

Democratização da comunicação

 “Além de uma nova alternativa de canal educativo, a TVT é um importante marco no urgente processo de democratização dos meios de comunicação no Brasil. Torna-se vanguarda em um país cuja mídia está sob o domínio histórico de meia dúzia de grupos familiares vinculados a elites políticas, que se recusam a reconhecer a importância dos movimentos sindicais e sociais na construção da democracia”, destaca Sérgio Nobre.

Somente em 2009, as concessões de rádio e TV representaram 38% de todas as proposições aprovadas pelo Senado, o que demonstra como este processo é obscuro, sem acompanhamento da sociedade e, o que é pior, decidido por interesses políticos. Não é à toa que dezenas de parlamentares são, ilegalmente, sócios ou diretores de 300 veículos de comunicação no Brasil. Outra ilegalidade é o fato das TVs Globo, Bandeirantes, Record, SBT e Rede TV deterem a concessão de 927 emissoras de televisão. Sem falar que monopólio dos meios de comunicação é inconstitucional.

No dia 21 de julho, o presidente Lula criou uma comissão interministerial para elaborar estudos e apresentar propostas de revisão do marco regulatório de organização e exploração dos serviços de telecomunicações e radiodifusão.

TV é totalmente financiada pelos trabalhadores

A TVT será gerida pela Fundação Sociedade Comunicação, Cultura e Trabalho, através de um sistema de financiamento inédito no Brasil para um veículo de comunicação. Desde 2007, os metalúrgicos aprovaram em assembléia que o sindicato aportasse recursos para o projeto. A deliberação foi referendada no 6º Congresso da categoria, realizado ano passado, quando os metalúrgicos aprovaram repasse de R$ 15 milhões do sindicato à Fundação.

Segundo o presidente da Fundação, Valter Sanches, que também é diretor de Comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a implantação da TVT custou R$ 1 milhão em equipamentos e a emissora tem um orçamento mensal de R$ 400 mil, o que lhe permite se sustentar por três anos. Está ainda nos planos da Fundação a busca por patrocínio na forma de apoios culturais. “Também manteremos a TVT como produtora comercial de vídeos, o que pode contribuir com a operação da emissora. Outra alternativa de financiamento são parcerias com os movimentos sociais e sindical”, planeja Sanches.