No Dia Internacional do Biodiesel não podemos esquecer de homenagear um brasileiro, o pesquisador Expedito Parente
[Do Blog de Rosangela Buzanelli]
Nascido no Ceará e formado em engenharia química, ele foi responsável pela primeira patente mundial da produção de biodiesel por meio da transesterificação, uma reação química com o etanol, a partir de plantas oleaginosas. E por esse feito é reconhecido mundialmente como o “pai do biodiesel”
No final da década de 70, Parente trabalhava na pesquisa de novas fontes de energias renováveis, principalmente com óleos vegetais, na Universidade Federal do Ceará. Em seu primeiro experimento decidiu misturar óleo de caroço de algodão com metanol e descobriu que podia produzir combustível de boa qualidade, capaz de substituir o diesel mineral.
A tecnologia pioneira foi patenteada em 1983 e levou ainda muitos anos para ser utilizada no Brasil. Mas foi explorada no cenário internacional, o que rendeu ao cearense o reconhecimento da ONU (Organização das Nações Unidas), do governo americano, de empresas como a Boeing e até da Nasa (Agência Espacial Americana). Hoje, a patente é de domínio público.
Foi só a partir de 2004, com a implementação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), que esse combustível começou a ganhar força nacionalmente. E alavancou ainda mais em 2008, após a criação da PBio, a Petrobrás Biocombustível, uma empresa que melhor comtempla o conceito de sustentabilidade e que se tornou uma das maiores produtoras de biodiesel do país. Infelizmente, doze anos depois, o atual governo a colocou à venda, mesmo sabendo que a produção de biodiesel é considerada estratégica em um contexto de redução de emissões e de transição energética.
A produção de biodiesel vinha em plena expansão no país, por conta da mistura ao diesel, que neste ano deveria chegar a 14% pela Resolução 16/2018 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Entretanto, o governo manteve a proporção em 10%, com o argumento de que isso ajudaria a conter o avanço dos preços do diesel nas bombas. Só que os preços continuam elevadíssimos, enquanto a capacidade ociosa da indústria brasileira de biodiesel cresce em torno de 50%.
Essas medidas colocam o Brasil, historicamente líder mundial em energias limpas e em fontes alternativas, na contramão de sua reputação e das tendências mundiais e das grandes petrolíferas nos quesitos ESG e Clima.
Políticas públicas deveriam estimular as energias renováveis e o avanço das medidas de redução das emissões, mas em um governo negacionista, que investiu na destruição dos biomas nacionais, isso está positivamente descartado.
Isso sem contar que, olhando para a Petrobrás, a venda da PBio não apenas representa um retrocesso no quesito ESG, pois além de descartar um processo já dominado de combustível “verde” que pode inclusive ser aprimorado e adaptado, terá também impactos socioeconômicos, atingindo a agricultura familiar nas regiões onde atua e aumentando o desemprego no Brasil, que já penaliza mais de 10 milhões de brasileiros.