Para os pesquisadores do Ineep, novo aumento dos preços dos combustíveis anunciado para terça e medidas sinalizadas pelo Governo Federal mostram ausência de estratégia
[Da comunicação do Ineep]
O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) avalia que o aumento dos preços dos combustíveis anunciados pela Petrobras nesta segunda, para serem repassados na terça (9) revelam total falta de estratégia do Governo Federal e da empresa, ignorando a estrutura de mercado brasileira em relação a outros países.
“A entrevista coletiva da equipe econômica na sexta (6) foi um improviso, pois não há qualquer medida efetiva. Teve apenas como objetivo tentar demonstrar que o governo não tem interferência na Petrobras”, avalia o coordenador técnico do Ineep, William Nozaki. “O nosso entendimento é de que não foi dada uma solução de curto prazo para os caminhoneiros”, complementa o coordenador técnico, Rodrigo Leão.
A falta de medidas efetivas do Governo Federal e o reajuste feito pela Petrobrás mostra que ainda não há clareza sobre como os preços dos combustíveis serão mediados. Com os aumentos anunciados nesta segunda, o preço médio de venda de gasolina nas refinarias da Petrobras passará a ser de R$ 2,25 por litro, uma alta de 22% só em 2021. Já o preço médio de venda de diesel passará a ser de R$ 2,24 por litro, alta de 10,9% em 2021.
O custo do combustível afeta diretamente a inflação, em especial de alimentos e bebidas, além do setor de transportes, sobre o qual o aumento incide diretamente.
“Claramente Governo e Petrobras não dialogam. Não há entendimento de ambos sobre o papel dos preços dos combustíveis no Brasil e sequer sobre soluções para esse problema. A Petrobras se nega a reconhecer que o PPI gera volatilidade nos preços e o governo joga o problema no colo dos governadores, como se o ICMS fosse solucionar a questão. Há um claro despreparo e desconhecimento das causas e consequências”, complementou Leão.
Segundo o Ineep, entre os países com expressiva produção de petróleo, os preços dos combustíveis são reajustados com menor frequência, porque as empresas estatais administram suas políticas de preços de olho na paridade internacional num longo prazo, e sem trazer a volatilidade para o mercado interno.