Pressa de Temer não era pelo G20. Era a Odebrecht.

 

 

Na semana passada, em mais um capítulo vergonhoso do golpe parlamentar de 2016, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou que abreviaria o processo de impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff, tentando finalizar o “julgamento” – melhor seria dizer fuzilamento – ainda em agosto.

O pretexto seria a necessidade de Michel Temer viajar à reunião do G20, na China, nos dias 4 e 5 de setembro, já como efetivo – e não mais como interino. No entanto, a ausência quase completa de líderes internacionais de peso na abertura da Rio 2016, que não vieram para evitar o constrangimento de encontros com o interino, comprova que Temer não faria falta alguma no G20.

De todo modo, a razão da pressa não era a viagem à China, mas sim garantir o impeachment antes que viessem à tona os depoimentos de Marcelo Odebrecht e de outros empreiteiros. 

Já se sabe que Temer pediu ajuda ao empreiteiro em pleno Palácio do Jaburu e que isso resultou numa doação de R$ 10 milhões em dinheiro vivo, dos quais R$ 4 milhões teriam sido entregues a Eliseu Padilha, braço direito do interino.

Temer, agora, corre contra o tempo para se manter no poder, porque a cada dia o seu risco aumenta, diante da possibilidade de novas delações.

Caberá, no entanto, ao Supremo Tribunal Federal garantir que os prazos sejam cumpridos, para que a democracia brasileira não se contamine ainda mais pelo golpe mais insidioso que já se viu na face da Terra.