Esta foi primeira plenária da gestão da presidenta Dilma Rousseff no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, realizada ontem, em Brasília…
O Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889 por um congresso da Internacional Socialista realizado em Paris. A data foi escolhida em homenagem à greve geral que aconteceu em 1º de maio de 1886, em Chicago, o principal centro industrial dos Estados Unidos naquela época. Hoje, é celebrada em todo o mundo, menos no país onde sucederam os acontecimentos que a inspiraram, os EUA.
Na primeira plenária da gestão da presidenta Dilma Rousseff no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, realizada ontem, em Brasília, representantes do governo, do empresariado e de movimentos sociais, falaram sobre a necessidade de se discutir formas de manter o desenvolvimento econômico e social sustentável e de combate a inflação. A presidenta Dilma reforçou os quatro eixos de sua proposta estratégica de governo, que são: o combate à pobreza, desenvolvimento econômico, investimentos em infraestrutura e direitos da cidadania.
Esses eixos prioritários foram indicados na oficina de trabalho, realizada em 16 de fevereiro, ressaltou o presidente da CUT Artur Henrique, conselheiro do CDES, em seu discurso (leia a íntegra do discurso).“A idéia embutida na realização dessa oficina foi buscar subsídios para a organização dos trabalhos do CDES, em 2011, articulando os principais consensos acumulados pelo Conselho, apartir do diálogo entre as lideranças sociais nele representadas, e as prioridades estratégicas do novo governo”.
Para Artur, essa primeira reunião foi bastante produtiva e mostrou o compromisso da presidenta Dilma com o conselho, o que estimula os conselheiros a continuar apresentando sugestões para o Brasil se preparar cada vez mais para enfrentar desafios e não interromper o ciclo de desenvolvimento. “Vamos continuar trabalhando, apresentando propostas que garantam a continuidade de um projeto de desenvolvimento econômico e social sustentável”, afirmou Artur, que lembrou da crise financeira de 2008, quando os conselheiros fizeram sugestões acatadas pelo governo para o país enfrentar a crise. Na época, o Brasil foi o primeiro país a vencer “o surto inflacionário mundial”.
Quando ressaltou, em sua fala aos membros do conselho que o tema desenvolvimento sustentável – em todas as suas dimensões, ou seja, social, econômica, ambiental e política – “também foi escolhido para a Conferência Internacional das Nações Unidas, que o Brasil vai sediar no próximo ano: a Rio +20 e das nossas mesas de diálogo com o Conselho Econômico e Social Europeu (CESE)”, Artur foi interrompido por aplausos do plenário.
A presidenta Dilma reforçou a importância do conselho, disse que o CDES reflete a diversidade do nosso país e acumulou propostas de como construir um país mais prospero e mais justo. Dilma disse, ainda, que o conselho é um espaço plural e democrático que valoriza e fortalece os debates dos desafios.
Dilma praticamente reforçou a fala do presidente da CUT, que, antes, havia dito: “O maior desafio que temos a frente, no conturbado início desta segunda década do Século XXI, é como consolidar essa nossa passagem de economia em desenvolvimento para economia desenvolvida, com o esforço coletivo do governo e da sociedade civil, mantendo a estabilidade macroeconômica e crescendo com equidade. Não há espaço para retrocessos”.
INFLAÇÃO
O ministro da Fazenda, Guido Mantega fez uma exposição sobre a situação econômica mundial e os desafios que o país precisa enfrentar como inflação em alta, deixando claro que o surto inflacionário é mundial e que o índice brasileiro é menor do que o que vem sendo registrado em vários outros países. Além disso, Mantega falou das políticas monetárias e fiscais adotadas para o Brasil continuar a crescer, dentre elas, a redução do crédito de modo a moderar o crescimento da demanda.
No discurso que fez na plenária, Artur detalhou seu raciocínio sobre a questão dos juros: “Os gastos com juros do setor público brasileiro em 2011 devem situar-se em torno de R$ 230 bilhões, mais de 5% do PIB. Nós achamos esse montante muito elevado. Temos que buscar soluções para que esses recursos que hoje migram para rentistas, dirijam-se para produção de mercadorias e serviços, gerando renda e emprego. Nesse sentido compartilhamos com a visão da nossa Presidenta Dilma Rousseff quando ela sugere, com toda razão, que a meta para o Brasil tem que ser posicionar a taxa básica de juros o mais próxima possível da média mundial. Não podemos aceitar a ideia de que é aumento de juros que combate inflação. O patamar de juros praticado no País é provavelmente a maior anomalia da economia brasileira. Inúmeros analistas sugerem que a política de redução de juros pode nos ser favorável porque ao reduzir a Selic, podemos gerar excedentes fiscais que auxiliam no combate à inflação e podem ser usados para ampliar investimentos e estabilizar o câmbio. Aliás, essa é uma recomendação do Conselho à Presidência desde que construímos os enunciados estratégicos para o desenvolvimento, em 2006. Reverter a tendência da Selic pode ser um importante passo a ser dado para consolidar uma trajetória de crescimento sustentado”.
Para Artur, é preciso querer e saber ousar para buscar um novo modelo econômico e o CDES pode contribuir para a construção desse modelo de consumo, produção e distribuição de renda e riqueza, mais equânime e sustentável. “O Brasil não pode ficar esperando que o novo modelo nos seja imposto de fora para dentro. Nós somos o país, entre todos, que apresenta melhores condições para indicar esse novo modelo”.