“Todos os nossos sindicatos devem colocar as suas estruturas e sua capacidade de mobilização a serviço das paralisações da próxima quarta-feira, dia 15”, afirmou em entrevista, na tarde desta segunda (13), o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas.
“Todas as nossas entidades têm de convocar, realizar algum ato. É nossa responsabilidade, porque estamos diante de um forte ataque do Congresso Nacional aos dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”, completou.
O próximo 15 de abril é Dia Nacional de Paralisação contra o PL 4330, projeto que vai liberar geral a terceirização no mercado de trabalho.
Se esse projeto seguir adiante, as empresas no Brasil vão poder terceirizar todas as suas atividades, em todos os seus departamentos e seções.
“Você será demitido”
Como terceirizar é bem mais barato, os empresários e patrões vão demitir os funcionários que têm carteira assinada para contratar outros, que terão salários bem menores. “Ou seja, se o PL 4330 passar e virar realidade, você será demitido”, alerta Vagner.
Ele argumenta: “Por que um banco vai manter um caixa em sua agência se ele pode gastar bem menos com um correspondente bancário, contratando os serviços de uma lotérica ou agência de correio, ou até mesmo uma farmácia?” “Uma grande montadora vai demitir grupos de metalúrgicos e contratar uma pequena firma, uma retífica qualquer, para fazer determinados serviços. Os grandes acionistas das empresas não estão nem aí, o que eles querem é gastar menos, ter mais lucro”, diz.
“O que as pessoas têm de prestar atenção”, segundo Vagner, é que ao contrário do que dizem os empresários e a mídia tradicional, o PL 4330 não vai proteger quem já é terceirizado. “O projeto vai é tornar todo mundo terceirizado”.
A CLT vai ser rasgada”
Hoje, segundo pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socieconômicos), 73% dos brasileiros são contratados diretamente pelas empresas. E os demais 27% são terceirizados.
O presidente da CUT destaca que hoje em dia, “infelizmente”, os terceirizados trabalham em média três horas a mais por semana e ganham em média 24% menos e, geralmente, não recebem equipamento ou uniformes adequados.
Muitos deles inclusive não têm carteira assinada. Portanto, rapidamente, os brasileiros e brasileiras vão começar a perder os seus direitos. A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) vai desaparecer. Então, adeus 13º, férias remuneradas, vale-refeição, vale-transporte, descanso semanal remunerado. “A CLT vai ser rasgada e jogada no lixo”, resume.
“Nossa luta é com o Congresso, para derrubar esse projeto já votado pela maioria dos deputados e que vai seguir para a apreciação do Senado. Temos de parar essa tragédia”, lembra Vagner.
Na próxima quinta vai haver várias mobilizações já confirmadas. Outras estão sendo organizadas (leia mais aqui).
Os movimentos sociais também estão com os sindicatos nesta luta e vão realizar atos e protestos em conjunto.
Vagner destaca, por fim, que a CUT apresentou ao Congresso um projeto que valoriza e melhora as condições de trabalho dos terceirizados, o PL 1621. “Mas o Congresso não quis votar”, aponta.