A presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) e coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), Beatriz Cerqueira, foi convocada para prestar esclarecimentos sobre “referentes às acusações feitas” à comissão extraordinária das Barragens, criada pela Assembleia Legislativa de Minas para acompanhar o caso do rompimento da barragem de rejeitos Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana.
A proposta inicial era a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os crimes da mineração, mas, por falta de assinaturas e devido ao período de recesso parlamentar, foi criada a comissão, que tem realizado audiências públicas e se propõe a recolher elementos sobre o assunto.
Em artigo assinado no Portal Viomundo, Beatriz criticou a demagogia dos políticos, em audiência pública realizada em Mariana, no dia 17 de novembro. “Após 12 dias do rompimento das duas barragens de rejeitos da Samarco/Vale/BHP, em Mariana, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou a primeira audiência pública, em Belo Horizonte, para debater o assunto. Em tese, seria o momento para que deputados estaduais ouvissem os atingidos pela tragédia e órgãos do governo e de fiscalização colhessem informações para os trabalhos da Comissão Especial recém-criada. Mas a audiência se transformou na mais demagógica atividade protagonizada por nossos políticos. Era uma audiência conjunta com a Câmara dos Deputados. Mas estes, após tirar fotos, dar entrevistas à imprensa e falar primeiro, foram embora”, disse, na abertura do texto.
Beatriz criticou o “convite” da Assembleia. “Aqui em Minas Gerais continua a máxima do PSDB e amigos de que ‘quem fala a verdade merece castigo’! Ou uma tentativa de intimidação! Pelo menos é o que pensam os deputados estaduais da Comissão especial que “investiga” o crime da Samarco/Vale/BHP que aprovaram hoje um “convite” para que eu preste esclarecimentos sobre o artigo que escrevi! A idéia original era que eu fosse “convocada”. Estou aguardando ansiosamente o dia! Tenho muito mais a dizer! Ou a escrever!”, disse.
O Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, também citado no requerimento da ALMG, ainda não foi notificado. Seu presidente, Kerison Lopes, diz que não entendeu o motivo da convocação, mas afirma que comparece à reunião “com prazer”. “Será uma oportunidade de denunciar o absurdo que continua sendo cometido no caso da Samarco/Vale. O silêncio, o impedimento das apurações, o abandono às famílias que foram prejudicadas direta e indiretamente pelo crime ambiental”, afirma Kerison.
Ele considera um absurdo a convocação de Beatriz, que estava exercendo seu direito de liberdade de expressão.
Sind-UTE processado por criticar governo tucano
Em outubro do ano passado, sete diretores do Sind-UTE/MG, entre eles Beatriz Cerqueira, foram processados por veicularem uma campanha denunciado a situação da educação no estado. A coligação “Todos por Minas”, encabeçada pelo PSDB, entrou com 17 ações contra o sindicato, alegando “propaganda eleitoral negativa”.
Leia sobre isso aqui: http://www.brasildefato.com.br/node/29957
Leia os artigos de Beatriz sobre o caso de Mariana:
http://www.brasildefato.com.br/node/33444
Fonte: Sindipetro MG