Por Leonardo Urpia, diretor da FUP e do Sindipetro-BA
A desmobilização e o esvaziamento do edifício Torre Pituba (sede da Petrobrás na Bahia) diz muito sobre quem são e quais as intenções das pessoas que hoje ocupam um governo, que foi alçado ao poder impulsionado pelas fake news e pela criminalização da esquerda em um jogo orquestrado pela mídia e Operação Lava Jato – hoje já temos provas disso através da Vaza Jato, uma série de reportagens feitas pelo premiado jornalista Glenn Greenwald do site Intercept Brasil, e que já vinham sendo denunciados por outros veículos de comunicação como a Folha de São Paulo, o saudoso Paulo Henrique Amorim e até o anti-petista, Reinaldo Azevedo.
Bolsonaro já disse que o sentido do seu governo “não é construir coisas para o povo brasileiro, mas desconstruir”. É exatamente isso que ele está fazendo, começando por destruir a Petrobrás, símbolo de sucesso do governo democrático e popular de Lula.
A intenção, no caso do Torre Pituba, é política. A ideia, que começou a ser desenvolvida no governo de Temer, é mostrar à sociedade que essa foi uma obra desnecessária.
Mas uma coisa, são eles, outra são os petroleiros, que vivenciam essa, ainda, grande empresa. Esses não podem, em hipótese alguma, repetir as atrocidades e mentiras destes que são verdadeiros golpistas e entreguistas.
Os petroleiros sabem como funciona a Petrobrás, sabem da necessidade de cada prédio, de cada unidade da empresa.
O edifício Torre Pituba foi concebido dentro de um cronograma de desenvolvimento da empresa que consistia na ideia da Bahia manter-se a sede dos Serviços Compartilhados para o Norte e Nordeste.
Como havia uma crescente expansão da Petrobrás, que se destacava no mercado internacional, chegando a alcançar crescimento no seu valor de mercado de 1250% no governo Lula, os projetos da estatal passaram a incluir mais três refinarias no Nordeste ( Premium 1 e 2 e Abreu e Lima ) além das existentes atualmente, RLAM, Clara Camarão, Lubnor e Reman no Amazonas.
Toda essa estrutura tinha um propósito, que era o propósito do desenvolvimento, que manteria:
– As atividades nos campos terrestres de todo Norte e Nordeste; que avançariam nas atividades offshore (Litoral da Bahia, de Sergipe, do Ceará e as novas fronteiras no mar entre Maranhão/Pará/Amapá)
– A ampliação das atividades de desenvolvimento dos Biocombustíveis, com as usinas de biodiesel de Candeias e Quixadá, Guamaré;
– A ampliação da produção de Fertilizantes nacionais (projetos Arla-32 na Fafen-Ba ) e a manutenção das atividades de suporte energético com as Termelétricas à Gás e à Óleo;
– A ampliação das atividades da Transpetro com os terminais de Regaseificação de GNL da Bahia e Ceará ( Pecém) para Sergipe ( Barra dos Coqueiros ), Pernambuco ( Suape );
– A ampliação da Malha de Dutos e Gasodutos para a Integração nacional e atendimento à ampliação dos portos e terminais.
– Construção dos Navios Sondas de perfuração, produção e Estocagem de Petróleo e Gás no Brasil para atender a demanda de produção do Pré-sal. Aqui na Bahia, o Estaleiro de São Roque do Paraguassu era um dos estaleiros brasileiros contratados para atender esta demanda de 29 FPSO pela Petrobrás;
– Criação do COFIP – O Centro de Operações Financeiras da Petrobrás, que sediado na Bahia, contribuiu para a modernização e redução do tempo de resposta da empresa aos processos de Finanças, Contabilidade e Tributário!
Universidade Petrobrás
Quantos dos petroleiros se beneficiaram da Universidade Petrobrás? Com certeza, todos aqueles que entraram na empresa a partir de 2003. A universidade saiu de uma pequena sala do RH para se tornar a melhor universidade corporativa do mundo por dois anos e ampliaria suas instalações do edifício na avenida Sumaré para ocupar todo o antigo EDIBA – no Itaigara. Sem falar na ampliação do número de empregados e realização dos concursos públicos e o Acordo Coletivo de Trabalho, que saiu de 90 para 206 cláusulas, com ganhos reais sucessivos e aumento dos direitos sociais ano a ano.
Poderíamos ficar o dia todo discorrendo sobre a ampliação das atividades da Petrobrás, mas sabe o que ocorreu ?
Lava Jato
A operação poderia ser construtiva se não tivesse objetivos políticos, o principal deles o de impedir a candidatura e eleição deu uma Pessoa e permitir a privatização do parque industrial do Brasil. O que aconteceu foi a paralisação de todas as obras da Petrobrás no Nordeste. Veja o que está acontecendo com o patrimônio do povo brasileiro:
Refinarias
A Refinaria Abreu e Lima paralisou o segundo trem com capacidade de refinar 100 mil barril/d com 85% das obras concluídas. Foi transformada em sucata.
As refinarias premium 1 e 2 foram paralisadas em seu projeto de desenvolvimento já pela pressão da Lava-Jato. A Refinaria Clara Camarão está paralisada.
Para acabar de vez com as refinarias, o governo adotou uma política de restrição da produção para beneficiar e propiciar a importação de derivados, com apenas 70 % de sua capacidades operação ( RLAM, REMAN e Abreu e Lima ) e todas foram colocadas à venda. O que vemos é a ampliação de 40 para 220 empresas privadas importadoras de derivados de petróleo em 1 ano. Em 2017, por exemplo, o Brasil aumentou em 30 % as importações de derivados de petróleo, alinhado a uma nova política que permitiu o aumento dos preços aos consumidores e o lucro das novos importadores;
Renováveis Petrobras Biocombustíveis
Paralisação das Unidades de Biodiesel, a única funcionando é a de Candeias ( mas já colocada à venda)
Termelétricas
Diversas termelétricas paralisadas e colocadas à venda, inclusive as baianas Arembepe, Muricy, Bahia 1 e as já negociadas Rômulo Almeida e Celso Furtado
Fertilizantes
As FAFENS Bahia e Sergipe estão em hibernação e colocadas à venda.
E&P
Os Campos Terrestres de produção de óleo e gás estão sem investimento na produção e colocados à venda, a exemplo de todas as concessões dos Campos Produtores de Miranga, Água Grande e Candeias. Há também a hibernação e vendas das Sondas de perfuração Terrestres e Marítimas. Lembram das P-59 e 60, que foram vendidas por 10% do valor de construção? Ou do corte para transformar em sucata as sondas de perfuração terrestres?
Terminais e Transpetro
Os Terminais da Transpetro forma colocados à Venda, inclusive o baiano Temadre.
Dutos e Gasodutos
A TAG, a empresa do Sistema Petrobras proprietária dos dutos foi vendida. Colocando o Dutos na iniciativa privada, colocando em risco a distribuição de energia para o Norte e Nordeste.
Universidade Petrobras
Teve suas atividades extintas na Bahia e deixará de existir.
Estaleiros
O Estaleiro de São Roque do Paraguassu na Bahia está fechado, assim como o de Pernambuco e todos os outros no Brasil, com as encomendas da Petrobrás realizadas em outros países como China e Singapura! E mais de 6 mil trabalhadores de São Roque do Paraguassu desempregados, sem atividades !
Força de trabalho
Acabaram os concursos públicos, agora tem Programa de demissão voluntária até para quem não está aposentado e ainda o Programa de demissões acordadas (sem justa causa), em que o trabalhador, em comum acordo com o patrão, abre mão de diversos de seus direitos.
COFIP
Desde sua transferência para o TORRE PITUBA, tem sido desmembrado, desestruturado e seu conceito extinto. Os trabalhadores têm sido transferidos e ou demitidos;
ACT
Desde o golpe a proposta da empresa é REDUZIR DIREITOS e tem feito grande esforço para colocar seu plano em prática, mesmo diante da resistência dos Sindipetros e da FUP, que têm garantido a manutenção dos nossos direitos por duas negociações seguidas de cláusulas Sociais.
Enfim, está claro que a desmobilização do edifício sede da Petrobrás na Bahia – TORRE PITUBA, atende a este novo modelo de empresa, pautado num projeto político de destruição e entrega do país tendo com principal foco o símbolo do sucesso brasileiro e dos governos de esquerda e do PT ( Lula e Dilma ) que foi a PETROBRAS. A empresa de petróleo que mais descobriu novas reservas, a exemplo do Pré-sal, mais desenvolveu tecnologias de prospecção e produção em novas fronteiras e mais diversificou sua atuação deixando de ser um empresa de petróleo para ser tornar uma empresa Integrada de Energia nos últimos 15 anos .
Nós trabalhadores aqui na Petrobras na Bahia, somos frutos desta política de desenvolvimento e fortalecimento da Petrobras que freou a política de privatizações da década de 90 que já tinha em seu projeto a destruição da Petrobras e a extinção dela na Bahia.
Mas nem tudo está perdido, acredito que com luta e resistência somos capazes de mudar muita coisa. Por isso, conclamo os companheiros e companheiras a não abaixar a cabeça e vir para a luta, junto com a FUP e o Sindipetro Bahia defender a Petrobrás, os direitos da categoria e a soberania nacional. Tenham certeza de que juntos somos mais fortes.
Grande abraço a todos e saudações de resistência aos colegas do EDIBA-TORRE PITUBA e toda a Bahia!
[Via Sindipetro-BA]