Por unanimidade, o cutista João Felício foi eleito o primeiro latino-americano a presidir a CSI

 

O III Congresso da Confederação Sindical Internacional (CSI) terminou nesta sexta-feira (23) com a eleição do professor brasileiro e líder cutista, João Antonio Felício, à presidência da entidade, que representa mais de 180 milhões de trabalhadores em todo o mundo. O ex-presidente da CUT e atual secretário de Relações Internacionais da Central será o primeiro brasileiro e latino-americano a presidir a CSI. Ele foi eleito por unanimidade pelos 1.500 delegados de 161 países que participaram do Congresso da entidade, ao longo desta semana, em Berlim.

Professor de História da Arte na rede pública estadual paulista e ex-presidente da Apeoesp (sindicato dos docentes do estado), João Felício comandará a maior entidade sindical do mundo, que tem 325 entidades filiadas em todos os continentes.  Ele foi indicado pelas centrais sindicais brasileiras com presença na CSI – CUT, Força Sindical e UGT – e pela CNPL (confederação dos profissionais liberais).

A CSI é resultado da união, em 2006, da Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres (Ciosl), que reunia concepções europeias e norte-americanas, com a Confederação Mundial do Trabalho (CMT), de orientação democrata-cristã. Surgiu com um slogan conhecido, sobre a humanização da globalização, mas dois anos depois deparou com a crise financeira internacional, que provocou aumento do desemprego, perda de direitos e enfraquecimento do movimento sindical, especialmente nas economias mais desenvolvidas. "Enquanto isso, o capital se unifica e conta com o apoio das maioria dos governos", observa Felício.

Suas intervenções no Congresso que o elegeu deixaram claro o reconhecimento de que “há uma luta permanente entre capital e trabalho que extrapola a questão nacional, que diz respeito à manutenção e ampliação de direitos, à valorização salarial, à construção da justiça social, com afirmação de políticas públicas e de distribuição de renda”. “Nosso compromisso é dar consequência a esta análise, pois entendemos que, da mesma maneira que o capital define seus interesses, que vão além das fronteiras, é fundamental que o mundo do trabalho, com suas entidades, faça enfrentamentos mais consistentes, utilizando sua unidade como força política para pressionar junto à ONU e à OMC, ao G20 e à OIT em defesa de sua pauta”, declarou em seu discurso.

Para ele, uma das prioridades da próxima gestão é intensificar as ações globais, garantindo que as bases implementem as resoluções. Se a gente quiser concretizar aquilo que a esquerda sempre falou, que a classe operária internacional, é preciso ter mais lutas internacionais", afirma. Felício também defende o papel da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que no seu papel de humanizadora das relações trabalhistas, por meio de convenções, estaria sofrendo ataque "brutal" de vários países, inclusive dos Estados Unidos. "A eles não interessa uma OIT forte."

Leia aqui a entrevista com João Felício

Fonte: FUP, com informações da CUT e da Rede Brasil Atual