Política de terceirização faz mais uma vítima na Bahia

Sindipetro Bahia

Mais um operário de empresa terceirizada da Petrobras morre vítima do descaso com a segurança no local de trabalho. Na sexta (6), no campo de Araças, o operador júnior Nalzir Silva, de apenas 23 anos, da MI SWACO (Schlumbeger), recebeu uma descarga elétrica e foi encontrado ainda com sinais vitais, na sonda SC-105, às 6h30 no campo de produção de petróleo de Araças.
 
Foi socorrido ainda com vida e transportado para o hospital mais próximo, na cidade de Alagoinhas, onde veio a óbito. Detalhe: a ambulância que levou a vítima demorou mais de 15 minutos para chegar ao local do acidente. A autópsia foi feita no IML e confirmou a “causa mortis”: descarga elétrica.
 
Depois de liberado, o corpo do operário foi levado para Salvador, onde foi velado pela família, amigos e companheiros de trabalho na Ordem Terceira de São Franciso\Baixa de Quintas. O sepultamento ocorreu no sábado (7) às 10h.
 
Testemunha
Anderson Lima Rocha, 28 anos, era colega de trabalho de Nalzir. Viveu os últimos minutos de vida de Nalzir e viu o seu corpo jogado ao chão, após a descarga de mais de 360 V. O IML atestou como causa mortis essa descarga.
 
Ele diz que a princípio ficou paralisado, mas quando percebeu a gravidade logo correu para socorrer o parceiro da sonda SC-105. Na tentativa de socorro, Anderson recebeu uma descarga elétrica e conseguiu se livrar; rápido, desligou o sistema, mas, infelizmente, foi inútil. Tudo isso aconteceu entre as 6h e 6h30.

NOTA DO SINDIPETRO-BA

É com pesar que a direção do Sindipetro Bahia comunica o trágico acontecimento ocorrido na manhã de sexta (6), na sonda de perfuração da Petrobrás, SC-105, nas instalações da empresa terceirizada MI SWACO (Schlumbeger), na locação do poço em que se realizava as operações de tratamento de cascalho de perfuração no campo de produção de petróleo situado em Araçás\Bahia, onde ocorreu mais um acidente com vítima fatal: o companheiro de apenas 23 anos Nalzir Santos, que morreu com uma descarga elétrica, enquanto exercia seu trabalho como operador júnior.
 
 A autópsia realizada no IML de Alagoinhas foi acompanhada pelo diretor Antônio Marcos, que desde o começo do dia esteve no local e fez tudo que foi necessário, junto aos familiares, para a liberação do corpo. O Sindipetro Bahia e a FUP exigiram da Schlumbeger total assistência à família.
 
 O Sindipetro Bahia e todos os trabalhadores prestam solidariedade à família, mas adverte que a Petrobras, suas Subsidiárias e as empresas terceirizadas continuam a tratar a vida dos trabalhadores como se nada valesse; a precarização do trabalho tem sido denunciada em todos os fóruns do movimento sindical e a FUP tem cobrando o respeito à vida de todos os trabalhadores na mesa de negociação.
 
 No entanto, as empresas – seja a Petrobras, suas Subsidiárias ou as empresas terceirizadas – continuam a causar danos e perdas irreparáveis como mais essa de hoje, do companheiro Nalzir.
 
 
ATÉ QUANDO TEREMOS MAIS TRABALHADORES
MORRENDO NO LOCAL DE TRABALHO?
 
 
Sindipetro Bahia
 
 
                         
RELATÓRIO
 
 
De acordo com o relato de outro diretor do Sindipetro Bahia, Laudemilson Cardoso, que esteve também no local do acidente, a sonda trabalha no campo de Araçás, na locação AR-341.
 

O acidente ocorreu por volta das 6h de sexta (6) e quando Laudemilson teve acesso ao local, o corpo já havia sido removido para o hospital em Alagoinhas\-Bahia. Quem estava na sonda SC-105, em companhia de Nalzir, era seu colega de trabalho Anderson Lima.
 
 
Segundo comentários, a vítima  havia se deslocado até o equipamento da MI SWACO e quando tocou na estrutura que é toda de metal recebeu uma descarga elétrica e caiu sobre a bomba. Anderson,  ao tentar ajudá-lo, recebeu uma descarga elétrica; conseguiu se desprender e correr para desligar o gerador, o que foi feito.
 
 
A equipe de brigada da sonda compareceu e tentou reanimar a vítima, aplicando os procedimentos de primeiros socorros, enquanto aguardavam a ambulância, que levou mais de 15 minutos para chegar ao local. A vítima foi removida  com auxílio da ambulância para Alagoinhas, onde foi lavrado o atestado de óbito.
 
                                         
Manutenção
 
 
Os funcionários da MI SWACO declararam que os equipamentos precisavam de uma parada para manutenção, em vista das falhas operacionais que vinham ocorrendo e que todos os problemas apresentados pelo conjunto de maquinário já haviam sido repassados para o Fiscal e para o Gerente do contrato, ambos da Petrobras; os mesmos não deram a mínima importância, principalmente sobre as reclamações de falta de segurança operacional.
 
 
Suspeita de falha     
 
Existe uma suspeita real de que houve fuga de corrente (360 V) para a carcaça, o que deixou toda a estrutura metálica energizada.
 
 
Queixa na polícia
 
Laudemilson foi informado de que o senhor Moura – encarregado da sonda – não foi encontrado, mas o equipamento estava em funcionamento e a área do acidente isolado.
Ele registrou a queixa nº 203/2021, na Delegacia de Polícia Civil de Araçás, para a realização da perícia in loco.
 
 
À noite, o corpo foi levado para a Ordem Terceira de São Francisco\Baixa de Quintas e o sepultamento ocorreu no sábado (7), pela manhã. Muitos companheiros de trabalho, amigos e familiares acompanharam a missa; dirigentes do Sindipetro Bahia, que passaram a sexta entre Araçás e Alagoinhas, também estiveram durante toda a manhã junto a família de Nalzir.
 
 
Diretores cobram prevenção
 
Após participação na primeira fase da  comissão de apuração do acidente da SC-105 no dia 7/7, os diretores Roque Sotero, Gilson Morotó e João Marcos verificaram algumas anormalidades em equipamentos que são utilizados por empresas prestadoras de serviços na SC-105 e outras sondas de perfuração. Eles apontam sugestões para a prevenção de acidentes  como este que tirou a vida do companheiro Nalzir.
 
1 – uma ambulância com motorista e um técnico de segurança no alojamento das sondas de perfuração (Pé da Sonda); em atividade, uma sonda chega a ter entre funcionários próprios e terceirizados mais de 60 pessoas. No acidente, a ambulância demorou 15 minutos para chegar ao local do acidente
 
2 – programar calendário de visitas técnicas às sondas de perfuração e SPT’S que estão operando na UO-BA com diretores do Sindipetro,  um técnico de manutenção da sondagem e outro de segurança

3 – manter um estoque de soro antiofídico no hospital da cidade mais próxima onde estiver operando as sondas de perfuração e SPT’S. Alguns funcionários da SC-105 disseram que na locação onde a sonda se encontra já foram encontradas várias cobras venenosas, mas o hospital mais próximo da SC – 105 fica em Araçás. Lá não tem o soro.
 
No caso de alguém ser mordido por cobra venenosa o socorro mais próximo é o Hospital Roberto Santos, em Salvador, referencia pare esse tipo de tratamento.