CUT
A CUT, outras centrais sindicais e movimentos sociais realizaram no último sábado (15), em Brasília, a plenária do Plebiscito para uma nova Constituinte Exclusiva para fazer a Reforma Política. Com a presença de dezenas de entidades (confira aqui as entidades), a reunião fez um balanço da Campanha e procurou organizar os próximos passos para o sucesso da iniciativa.
A CUT Nacional foi representada por Julio Turra, Diretor Executivo; Rosane Silva, secretária da Mulher Trabalhadora; Alfredo Santos Jr., secretário de Juventude e Rosane Bertotti, secretária de Comunicação. Também estavam presentes as diversas Estaduais e Ramos da CUT, que realizaram intervenções reafirmando o compromisso da Central na luta pela Reforma Política, pela real representatividade da sociedade nas instâncias de poder; pela participação das mulheres, juventude, negros e trabalhadores, do campo e da cidade, no processo político.
A secretária de Comunicação da CUT Nacional, Rosane Bertotti, coordenou a mesa de análise de conjuntura realizada com o advogado Ricardo Gebrim e a socióloga Misa Boito.
Para Misa, há acordos conservadores no Congresso para boicotar o plebiscito. A socióloga aponta, ainda, que a minirreforma eleitoral em tramitação no congresso não apenas deixa tudo como está, mas piora ainda mais a possibilidade de renovação do Congresso, introduzindo voto distrital, cláusulas de barreira para partidos menores e mantendo o financiamento privado de campanha.
Para ela, a proposta de plebiscito apresentada pela sociedade civil tem eixos importantes, como o voto proporcional e o financiamento público de campanha – solução para diminuir a representação de empresários e latifundiários com recursos para eleger seus representantes -, mas a campanha é ampla e cabe a todos os setores.
"Tem de ter o cuidado nesta campanha de não deixar ninguém de fora. Outros projetos que existam tem lugar aqui. O objetivo da Campanha é elaborar junto e não apresentar proposta pronta.", afirma a socióloga.
Segundo Misa, o desafio da ala progressista da sociedade é ocupar as ruas no debate para a reforma política efetivamente democrática. "Há um caldo de cultura que está aí e cujas reivindicações não foram alcançadas. Deixar este movimento sem uma perspectiva política é triplicar o risco de manipulação dos setores conservadores.", complementa.
De acordo com o advogado Ricardo Gebrim, membro da Coordenação Nacional do Movimento Consulta Popular, a sociedade está em um momento em que se abrem possibilidades de grandes transformações sociais. Para ele, o grande desafio dos movimentos organizados na Consulta Popular é fazer do debate para a realização do plebiscito um meio de disputar esta nova força social, a juventude e a classe trabalhadora que se empodera pela primeira vez. Essas forças sociais tem grande probabilidade de retomar as ruas neste ano peculiar de eleições e copa.
O desafio que se impõe aos movimentos organizados da Consulta popular é acatar esse seu sentimento que é essencialmente o sentimento da ampliação da democracia; é fazer com que este novo ator político se enxergue nos movimentos populares organizados e perceba a possibilidade de construção da unidade.
"Esse é o nosso desafio histórico, gigantesco: construir esta solução política da constituinte."
De acordo com Gebrim, a constituinte é a grande solução pendente da transição da ditadura. "A transição ficou incompleta, fomos derrotados nas Diretas Já, fomos derrotados no formato e convocação da Constituição que foi promulgada em 1988. Este processo não se concluiu, nós temos esta deformação que gera um abismo gigantesco que nos levou a esta situação. Quando as ruas pressionaram por mais democracia o Congresso não apenas foi insensível mas rebaixou a ponto de fazer a mini contra reforma eleitoral que chega a ser uma afronta que caminha na contramão do que pedem as ruas."
Gebrim finaliza dizendo que, apesar de nossa linguagem nos materiais da campanha ser adequada, temos que construir um caminho que atinja esta juventude que está insatisfeita e não se identifica com a esquerda organizada. "O plebiscito é um meio pedagógico para atingirmos milhões de brasileiros e terminarmos 2014 com as forças progressistas aglutinadas em torno de uma bandeira; crescimento popular dos movimentos populares e ampliação da democracia", afirma o avogado.