Nesta quinta-feira, 21, a FUP deu prosseguimento a sua participação no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, com o debate “Geopolítica e perspectiva sobre a soberania energética”, atividade autogestionada que a Federação realizou em conjunto com a Plataforma Operária e Camponesa para a Energia.
A atividade que ocorreu no anfiteatro Glênio Peres, na Câmara dos Vereadores da capital Gaúcha teve a participação do diretor da secretaria de relações internacionais e movimentos sociais da FUP, João Antonio de Moraes, do integrante da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos Barragens (MAB), Gilberto Cervinsk e, da professora e secretária geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Selene Michelin.
O debate girou em torno das perspectivas do setor elétrico e petrolífero num contexto de crise cambial e de preços dos barris de petróleo. Para o diretor da FUP, João Antonio de Moraes, no caso da Petrobrás, o impacto da crise econômica mundial afeta diretamente o desenvolvimento do Brasil, que em sua maioria depende do investimento da petrolífera, que sempre foi a principal indutora do desenvolvimento nacional do país.
“No Brasil, o petróleo representa de 10% a 13% do PIB. Portanto, sem a Petrobrás, além de perdermos a força do nosso desenvolvimentismo, também não teremos pré-sal”, afirmou Moraes. O sindicalista afirmou ainda, que estamos num momento crise econômica global, iniciada em 2008 nos Estados Unidos e Europa. “A crise do capital apresenta pouquíssimos sinais de recuperação e, no momento, já afeta atéo preço do barril de petróleo. No Brasil, ainda temos o complicador da variação cambial, já que as operações do setor petróleo são feitas em dólar. Portanto, se o governo, que é o maior acionista da Petrobrás, não tomar as rédeas da maior empresa de energia do país, vai ficar dificl enxergar alguma luz no no fim do túnel”, complementou Moraes.
O representante da coordenação nacional do MAB, Gilberto Cervinsk, bastante conhecido por suas análises de conjuntura da geopolítica do petróleo e do setor energético, afirmou que a disputa das matrizes energéticas brasileiras tendem a se intensificarem num futuro bem próximo. “O petróleo e a eletricidade são as principais matrizes energéticas do mundo, principalmente, porque os principais países da Europa e E.U.A dependem da importação de petróleo de países considerados periféricos, como Venezuela e Brasil, por exemplo. Com o Pré-sal, temos reservas para mais de cento e cinquenta anos e, por isso, o Brasil passou ser visto como grande reserva de petróleo do mundo.”, ressaltou Cervinsk.
O militante do MAB aproveitou para lembrar que a disputa que está em jogo em nosso país é a venda do Pré-Sal e a privatização da Petrobrás. “Por isso, precisamos entender que a queda do preço do barril de petróleo não é só uma consequência da crise do capitalismo, mas uma ferramenta para fazer com que os países periféricos paguem a conta de uma crise que não foi gerada pela classe trabalhadora. Quem ganha com a queda do barril de petróleo? Apenas os países que não possuem reservas e, coincidentemente, os mais ricos como E.U.A, Europa e China. Os que perdem, sãos os Emirados Árabes, Rússia, Venezuela, Brasil e Noruega, por exemplo”, alertou.
Gilberto Cervinsk finalizou sua participação no debate afirmando que a luta em defesa do pré-sal, da Petrobrás e de todo setor elétrico não dever apenas dos petroleiros ou eletricitários, mas de toda a população que preze pela soberania energética do Brasil e, portanto, conclamou a todos os presentes, que continuem firmes na batalha contra a especulação em torno da Petrobrás e da privatização da maior empresa de energia do país.
Representando a CNTE, Selene Michelin, também deixou uma rica contribuição ao debate realizado na manhã de hoje. A professora afirmou que os trabalhadores da educação aprenderam a compreender a importância dos recursos do petróleo para o investimento no Plano Nacional de Educação. “Dependemos de financiamento para que a educação no Brasil funcione. Tivemos muitos avanços nos unimos 12 anos, mas a divida do país com a educação é histórica e muito grande. Temos certeza que essa divida pode ser sanada através da concretização do Plano Nacional de Educação (PNE) e, para que isso aconteça, dependemos do Fundo Social do Pré-Sal, que desta 75% dos royalties para a educação.
Para Selene, a destinação dos recursos do petróleo para a educação também será um trampolim para que os professores de todo o pais recebam a valorização que merecem.
“Por isso, petroleiros, podem continuar contando com a nossa parceria e apoio à luta em defesa da Lei de Partilha e da Petrobrás como operadora única do pré-sal. Esta luta começou em meados de 2015, prosseguiu até o fim do ano, impedindo que o entreguista José Serra conseguisse a aprovação do PL 131. Agora vamos intensificar essa batalha para garantir muitos anos de pré-sal para a educação do povo brasileiro.” finalizou a professora.
As atividades do Fórum Social Mundial em Porto Alegre prosseguem até sábado, 23/01.