Antonio Palocci foi preso temporariamente nesta segunda-feira (26) pela 35ª fase da Operação Lava Jato. De acordo com a força-tarefa, o ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda nas gestões de Lula e Dilma é suspeito de receber propinas da Odebrecht em troca do suposto favorecimento ilegal da empreiteira.
“Há indícios de que o ex-ministro atuou de forma direta a propiciar vantagens econômicas ao grupo empresarial nas mais diversas áreas de contratação com o poder público, tendo sido ele próprio e personagens de seu grupo político beneficiados com vultosos valores ilícitos”, disse a Polícia Federal.
A prisão tem como fundamento uma planilha apreendida em março deste ano nos escritório da empreiteira com mais de 270 nomes, incluindo dos senadores tucanos Aécio Neves (PSDB-MG) e José Serra (PSDB-SP).
Apesar da planilha conter nomes de pessoas ligadas a 24 partidos, Moro escreveu em seu despacho para decretar a prisão de Palocci: “A planilha tem aparência de uma espécie de conta corrente informal do Grupo Odebrecht com agentes do Partido dos Trabalhadores”.
Para sustentar a tese, o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná reuniu e-mails e anotações apreendidos em fases anteriores da Lava Jato que “indicam”, isso mesmo “indicam que os acertos de pagamentos das contrapartidas eram tratados entre Antônio Palocci em reuniões presenciais – as quais foram, inclusive, realizadas por diversas vezes nos endereços residencial e profissional do ex-ministro – agendadas por intermédio de contato telefônico ou por e-mail com seu assessor”.
Ou seja, o MPF acusa com base na suposição de que o tema da reunião foi a suposta propina. Novamente, não tem provas, mas tem convicções.
Como se não bastasse, a Lava Jato também diz que encontrou indícios do suposto envolvimento de Palocci na aquisição de um terreno, na Vila Clementino, que seria destinado a abrigar a nova sede do Instituto Lula.
“A partir das provas analisadas, há indicativos de que a aquisição do terreno inicialmente destinado ao Instituto Lula foi acertada com o ex-ministro, tendo sido o valor debitado das vantagens indevidas pactuadas”, disse o MPF.
Como parte do espetáculo da Lava Jato, a prisão de Palocci foi anunciada antecipadamente pelo ministro da Justiça de Michel Temer, o tucano Alexandre de Moraes, que participava de ato da campanha para prefeito, neste domingo (25), de Duarte Nogueira, também do PSDB. Duarte é de Ribeirão Preto (SP), cidade de Palocci, e portanto, seu adversário político.
Disse Moraes durante o ato: “Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem [a nova operação da Lava Jato contra petistas esta semana, vão se lembrar de mim“.
Como aponta o jornalista Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania, Duarte Nogueira foi secretário estadual de Logística e Transportes do governo Alckmin e deixou o cargo recentemente após ter sido citado na Operação Alba Branca, que investiga fraude na merenda escolar em São Paulo.
O jornalista destaca a ironia do fato de Duarte também figura entre os nomes da lista da Odebrecht que levou a prisão de Palocci. “Nogueira consta na planilha por ter recebido doações da Odebrechet nas eleições de 2010, 2012 e 2014, totalizando R$ 540 mil”, afirma Eduardo Guimarães.
E conclui: “Curiosamente, os valores que a Odebrecht paga a petistas são vistos pela Lava Jato como indícios de corrupção e fazem Moro e cia. pedirem a prisão dos suspeitos antes de sequer serem julgados. Já no caso de políticos do PSDB ou do PMDB, é o contrário. Apesar das provas, sentem-se tão seguros de que não serão incomodados que chegam a debochar da lei”.
Do Portal Vermelho, com informações de agências e Blog da Cidadania