Petroleiros unificam luta por investimentos da Petrobrás no Norte, Nordeste e ES

Sindipetro-CE/PI

Sindicalistas do Norte, Nordeste e Norte Capixada realizaram na sexta-feira (27), em Fortaleza, e decidiram encaminhar documento unificado para a presidenta Dilma Roussef exigindo maiores investimentos da Petrobras nessas regiões, que alegam estar fora dos investimentos da estatal, que prioriza só o Pré-sal.

Para o representante do Dieese Norte-fluminense, Rodrigo Leão, a Petrobras não pode ter a visão de uma empresa privada, pois quando abre mão de várias regiões para se concentrar só, ela perde a obrigatoriedade que tem com a sociedade brasileira. “Ela [a Petrobras] não pode abrir mão de investir em regiões onde ela é importante economicamente. Os trabalhadores têm que fazer a Petrobras pensar o país, pensar o lado social”, disse.

BAHIA

A apresentação feita pelo diretor baiano Leonardo Urpia confirmou a posição de que nenhum campo terrestre da Petrobras gera prejuízo. “Os volumes realizados nos campos off-shore, com o pré-sal, há uma perspectiva de um grande aumento na produção, então há uma pressão bem maior dos empresários nesse setor. Não dá pra dizer que desinvestimentos ocorrem por prejuízo é mentira, por que não dá”, disse.

Urpia ainda afirmou que há dois papeis importantes da Petrobras no Brasil, o social e o econômico, e a estatal teria um papel de desenvolver o país, ajudando a crescer micro e pequenas empresas e investir em tecnologia renovável e meio ambiente. “Esse é o papel da Petrobras em relação ao desenvolvimento social. A gente demonstra aqui que a redução de investimentos foi percebida quando a Petrobras não arrematou nenhum campo no último leilão no estado da Bahia. Vamos deixar claro que nós trabalhadores exigimos que ela continue investindo no Nordeste e queremos que ela fique por no mínimo mais 60 anos fazendo isso”, disse.

ESPÍRITO SANTO

“Nós fizemos alguns levantamentos e temos desmobilização de sondas de produção e perfuração lá no Espírito Santo.  Gerentes da Petrobras tentam nos dar a impressão que está tudo bem, que tem dinheiro e tudo, mas o impacto é claro, o desemprego está lá”, argumentou Jorge Toscano, coordenador geral do Sindipetro ES. “A nossa proposta é que façamos um encaminhamento e que isso chegue até a presidenta Dilma, para que haja condições de revertermos esse processo de desinvestimentos”, completou.

Segundo Toscano, petroleiros do estado são privilegiados por explorarem o Pré-sal, mas que os campos terrestres estão cheios de óleo e gás e sofrendo desinvestimentos. “Não podemos fraquejar, temos que ir pra cima mesmo”, concluiu.

CEARÁ

O presindente do Sindipetro Ceará/Piauí, Orismar Holanda, apresentou rápida uma síntese da situação da Petrobras no Ceará. Ele falou do trabalho político que o Sindipetro CE/PI realiza para que a Petrobras tenha suas licitações liberadas e os investimentos desburocratizados, mas que mesmo assim, os investimentos e trabalhadores são mínimos. “O grupo operacional é o mínimo do mínimo em Fazenda Belém, único campo terrestre no Ceará, ou seja, não tem como tirar ninguém de lá”, ironizou.

Orismar ainda lembrou o que é o maior imbróglio do setor petróleo cearense: a refinaria Premium II, que para ele é uma promessa longa longe de ser concretizada. “Temos informações que se hoje a Petrobras quisesse como construir as refinarias nordestinas, não teria como receber o reatores, pois o porto do Pecém não teria condições de receber esses reatores que pesam 40 toneladas. Então temos que acelerar isso Nesse aspecto, a gente pode criticar a questão da importação dos derivados, da gasolina e precisamos dessa refinaria”.

 O Ceará possui 642 petroleiros e petroleiras próprios Petrobras, sendo trabalhadores terceirizados permanentes: 1370 aproximadamente (fora as obras). “Na hora que a empresa tira o investimento reduz a atividade e o primeiro a perder o emprego é o terceirizado. A Petrobras deve é gerar mais empregos, pois ela abre mão de campos maduros no estado”, afirmou Orismar.

A Fábrica de Lubrificantes do Nordeste (Lubnor) inicialmente só produzia asfalto e foi sofrendo modificações e hoje é uma fábrica de lubrificantes especiais.  “Ela está com sua produção de asfalto limitada, não consegue atender a demanda do mercado do Nordeste e por isso temos que importar asfalto, mas cada tonelada de asfalto importado a Petrobras paga R$ 600,00 por tonelada de asfalto, fora as questões de logística”, denunciou.

O Biodiesel, localizado em Quixadá (CE), passa por uma situação interessante e por isso alguns órgãos tem que ter uma atenção especial. “A Usina produz na sua capacidade máxima de produção. Com 60% ela abastece o Ceará e os outros 40% o resto do Nordeste. Porém, a usina precisa trazer de Goiás óleo de soja para a produção de BioDiesel. O uso das oleaginosas na produção de biodiesel ainda é muito pouco, pois não se tem produção de oleaginosas no Semiário no Ceará, devido a seca.

RIO GRANDE DO NORTE

Em sua apresentação, Dedé Araújo, coordenador do Sindipetro RN, destacou que pretende aproveitar a visita da presidenta do Brasil ao RN, no próximo dia 2 de outubro, por ocasião da inauguração de três unidades do IFRN, no interior do Estado. O objetivo, segundo Dedé, é deixá-la ciente da posição contrária do movimento sindical em relação tratamento despendido às regiões não abrangidas pelas áreas já descobertas do pré-sal. Deixar claro para Dilma as implicações sociais da concentração de investimentos.

Procop – Araújo, em sua palestra, lembrou que uma das questões identificadas como causadoras da retração de investimentos nas regiões em pauta é o Programa de Otimização de Custos – Procop. Trata-se de uma das ferramentas apontadas pela Petrobrás, em seu Plano de Negócios, para levantar o valor de 236 bilhões de reais com objetivo de investir nas áreas da Companhia. Deste valor, 55,6% serão destinados ao E&P.

Segundo Dedé, na prática, este programa reduz investimentos nas áreas em terra e concentra-os no Pré-sal. Apesar da Petrobrás negar que essa orientação exista, a realidade aponta outra coisa. Marcio Dias, destacou que, desde 2009, mais de quinze empresas privadas deixaram o Estado, e outras tantas tiveram suas atividades drasticamente reduzidas. Resultado disso são as 6.555 demissões na área petrolífera que aconteceram nos últimos quatro anos, além das consequências indiretas sobre os demais setores da economia.

AMAZONAS

Do ponto de vista da logística de distribuição de derivados do petróleo, o Amazonas está numa encruzilhada, é o que afirmou o diretor do Sindipetro AM, Aldemir Caetano. “Nos últimos leilões a Petrobras também não se interessou por nenhum leilão no Amazonas, regiões que tem um potencial de óleo e gás enorme estão sendo exploradas por empresas privadas. É necessário lutar pela manutenção dos investimentos e empregos e atividades econômicas na Petrobras no Norte, Nordeste e Norte Capixaba.

FUP

Todos os sindicalistas foram unânimes contrários aos leilões de petróleo e a favor da operação 100% dos campos do Pré-sal pela Petrobras.

Para o coordenador da Federação Única dos Petroleiros, João Morais, a FUP está muito empenhada em acabar com o leilão de libra, que tem muito a ver com a luta que está representada no Seminário.

“Nós precisamos travar um debate com várias pautas do setor petróleo. Se do ponto de vista de abastecimento não há risco. Libra é o maior campo do mundo, mapeado e campeado. Libra já foi confirmado, não há risco para quem assumir. Leiloar petróleo descoberto só nações ocupadas, de nações independentes o Brasil é o primeiro”. Morais falou também sobre as problemáticas do Gás de xisto e da PL 3430.

“Quando a gente senta e começa a trabalhar as informações em conjunto num seminário, a gente começa a perceber que o cenário é bem parecido, e é assim que nós mudamos esse quadro”, finalizou.