A FUP e o Sindipetro Bahia realizaram nesta segunda-feira (14) mais um importante ato político contra a privatização da Petrobrás e em defesa do Pré-Sal. A manifestação lotou o Plenário da Assembleia Legislativa da Bahia, em uma audiência pública convocada pelo deputado estadual Rosemberg Pinto (PT). O debate enfocou os prejuízos que os trabalhadores e os municípios do nordeste e norte capixaba terão com a venda dos campos terrestres de produção, anunciada pela Petrobrás, como parte de seu plano de desinvestimentos.
Toda a direção da FUP participou da audiência, ao lado de representantes da CUT, dos movimentos sociais, prefeitos e parlamentares baianos. O coordenador da FNP, Adaedson Costa, também esteve presente, bem como o deputado federal Davidson Magalhães (PCdoB/BA), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Petrobrás, e o ex-presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli.
“O governo tem que assumir o papel de acionista majoritário da Petrobrás”
O coordenador da FUP, José Maria Rangel, criticou o custo social da operação Lava Jato, que, “está levando o país, de forma orquestrada, à inércia”. Ele defendeu o combate à corrupção, ressaltando que é “uma pauta antiga dos movimentos sindicais e sociais”, mas condenou o fato da operação ter se transformado em um agente político que desestruturou setores estratégicos da economia, levando milhões de brasileiros ao desemprego.
Zé Maria tornou a cobrar que o governo federal “assuma o papel de acionista majoritário da Petrobrás” e aporte recursos na companhia. “Eu gostaria de saber qual foi o grande investimento que o setor privado fez no Brasil na indústria de petróleo e gás nesses 20 anos de abertura do setor?”, questionou, afirmando que a solução para a crise da Petrobrás não vai vir do mercado e que a FUP e seus sindicatos continuarão lutando contra a privatização da empresa.
O ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, destacou que a pressão dos trabalhadores, dos parlamentares e da sociedade será fundamental para mostrar ao governo federal os imensos problemas sociais que a venda dos campos terrestres irá gerar para os municípios e que não resolverá o problema financeiro da estatal.
“Quebrar a verticalização da Petrobrás é quebrar a companhia”
O deputado federal Davidson Magalhães, afirmou que os parlamentares que integram a Frente em Defesa da Petrobrás continuarão se mobilizando para demonstrar o papel e a força que a empresa tem. Ele criticou a “incapacidade” da direção da Petrobrás de apresentar um plano estratégico para a companhia. “O que tem lá é um plano financeiro. Eles não apontam nesse momento de crise qual é o papel que a Petrobrás tem na economia e no projeto de desenvolvimento nacional”, declarou. “Querem quebrar a verticalização da Petrobrás, isso é quebrar a companhia, é não permitir a sua rentabilidade”, condenou o deputado.
“Agora temos que esquecer as divergências políticas”
O coordenador da FNP, Adaedson Costa, ressaltou que a venda dos campos terrestres ou de qualquer outro ativo da Petrobrás é questão de soberania nacional, afirmando que “cada brasileiro, cada trabalhador tem que ter essa consciência política” e que a empresa “não se destina apenas a um grupo de acionistas”, pois foi “forjada na luta e criada com a finalidade social”. Ele fez um chamado à unidade: “Essas divergências políticas que temos, agora temos que esquecer e pensar em como levar o país para o desenvolvimento pleno”, afirmou.
200 mil barris de petróleo por dia no colo dos entreguistas
O coordenador do Sindipetro-BA e representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, Deyvid Bacelar, destacou que os campos terrestres do Nordeste e do Norte do Espírito Santo produzem em torno de 200 mil barris de petróleo por dia, o que gera aos cofres da Petrobrás mais de R$ 800 milhões mensais. “Qual empresa ou país no mundo iria entregar um ativo destes nas mãos da iniciativa privada?”, questionou.
Deyvid afirmou que a FUP e o Sindipetro-BA estão com uma agenda intensa de mobilizações para impedir privatização desse patrimônio, ressaltando que outros ativos da Petrobrás também serão vendidos se não houver reação da sociedade contra esse desmonte. Ao longo de toda a semana, a direção da FUP permanecerá reunida em Salvador, discutindo novas ações políticas e estratégias de luta para enfrentar essa grave crise que ameaça a Petrobrás e o país.
“Não vamos aceitar que a lógica do mercado prevaleça”
Na terça-feira (15), o Sindipetro-BA realiza uma nova audiência pública no município de Catu e nos dias 21 e 23, nas cidades de Esplanada e Alagoinhas, todas regiões de campos terrestre do estado, que a Petrobrás quer entregar ao mercado a preço de banana. Os deputados estaduais da Bahia, que participaram da audiência pública, deliberaram por uma série de ações políticas contra a venda dos campos terrestres, contra o desmonte da Petrobrás e em defesa do Pré-Sal. Entre as ações estão a criação de uma sub-comissão em defesa da empresa, uma carta aberta á população, reuniões com o governador da Bahia, Rui Costa, com a Presidente Dilma Rousseff e com o presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine.
“A Petrobrás é muito maior do que essa crise e a grandiosidade da empresa só existe por causa dos trabalhadores que construíram esse patrimônio. Nós temos orgulho da nossa empresa e não vamos abrir mão de lutar para defender cada poço, cada unidade da Petrobrás, seja na Bahia, seja em qualquer lugar do país. Nós estamos defendendo mais do que uma empresa, estamos defendendo o patrimônio público. Nós conhecemos essa empresa, sabemos como ela cresceu, nós somos os guardiões desse patrimônio e não vamos aceitar que a lógica do mercado prevaleça”, conclamou o diretor do Sindipetro-BA, Radiovaldo Costa.
Fonte: FUP | texto Alessandra Murteira | fotos Wandaick Costa