Ato denunciou a política de entrega do patrimônio público pelo governo Bolsonaro. Diretoria da refinaria quis intimidar trabalhadores acionando a PM e desviando ônibus de trabalhadores para participarem do ato
[Da redação da CUT |Foto: Roosevelt Cássio/Sindipetro-SJC]
A luta contra a entrega das refinarias brasileiras à iniciativa privada reuniu sindicatos de petroleiros de diferentes regiões do país na manhã desta quinta-feira (26), em frente à Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo.
Foi o segundo ato unificado contra a privatização e contra o avanço das terceirizações no sistema Petrobras. Um outro ato já havia sido realizado em Paulínia, na Replan.
Além dos trabalhadores da Revap, engrossaram o ato representantes dos sindicatos Unificado de SP, do litoral paulista e de São José dos Campos e Região, além de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina e da Federação Única dos Petroleiros (FUP), ligada à CUT, e da FNP (Federação Nacional dos Petroleiros).
Secretário de Comunicação da CUT, o petroleiro Roni Barbosa participou do ato denunciando a política de Jair Bolsonaro (ex-PSL) e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, de destruição do patrimônio público brasileiro em benefício da iniciativa privada.
“Paulo Guedes, mancomunado com a gestão bolsonarista da Petrobras está tá entregando um patrimônio que não é deles, é um patrimônio do povo brasileiro”, disse o dirigente sobre as refinarias da Petrobras, mas que também vale para todas as outras estatais estratégicas para o desenvolvimento do Brasil, como a Eletrobras e os Correios.
“Precisamos reagir. Trabalhadores e trabalhadoras têm que reagir. E a população brasileira tem que vir conosco nessa luta em defesa do nosso patrimônio”, conclamou Roni Barbosa, ressaltando que a venda das refinarias prejudica o Brasil e os brasileiros, que já estão sofrendo com os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis, problema que pode piorar.
Ação sindical
A manifestação de trabalhadores ocorre em um momento em que outra unidade da companhia, a Refinaria Isaac Sabá (Reman), em Manaus, foi entregue à Atem’s Distribuidora de Petróleo, por US$ 189,5 milhões, valor que, segundo Roni Barbosa, representa apenas dois meses de faturamento da unidade.
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A Reman foi a segunda refinaria privatizada este ano. Em março, foi vendida a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), da Bahia, para a Mubadala Capital, por US$ 1,65 bilhão.
Durante o ato da manhã desta quarta-feira, os sindicalistas ainda alertaram para a tentativa de opressão tanto da gestão da refinaria como da Policia Militar (PM) de SP, que enviou ao local de cinco viaturas e 20 policiais para, como costumam dizer as forças de segurança, ”manter a ordem pública”, ainda que em um movimento pacífico.
“Todo esse aparato da PM foi usado para acompanhar uma mera assembleia, com atraso na entrada dos trabalhadores. Isso demonstra o medo, o pavor que a gestão da empresa tem do poder de organização, mobilização e luta dos seus trabalhadores”, disse Roni Barbosa.
Ele afirma que essa situação deve servir como estímulo para que nas próximas paralisações e mobilizações, cada trabalhador convide seus colegas a aderirem
“Daqui pra frente, na próxima paralisação, cada um de nós tem que trazer mais três, mais quatro, mais cinco e quando estiverem todos aqui na frente da refinaria, não tem tropa de choque que tire os trabalhadores ou que os obrigue a trabalhar”, afirmou o dirigente.
Além de acionar a Polícia Militar, a diretoria da refinaria desviou a entrada dos ônibus com trabalhadores, em uma tentativa de prejudicar a realização do ato, que foi anunciado com antecedência, e assim impedir a atuação sindical para chamar esses trabalhadores a aderir aoo movimento.
Manifestações já estão sendo marcadas para os próximos dias, em outras unidades como a Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, e a Refinaria de Capuava (Recap), em Mauá, ambas no estado de São Paulo.