Petroleiros protestam contra morte na P-19 e alertam para risco de novos acidentes no rastro do desmonte da Petrobrás

Dirigentes da FUP e do Sindipetro-NF realizaram na manhã desta quarta-feira, 03, um ato no Heliporto do Farol de São Thomé, em Campos dos Goytacazes (RJ), um dos pontos de embarque de trabalhadores para as plataformas da Bacia de Campos. Os petroleiros protestaram contra a insegurança do trabalho que provocou ontem a morte do caldeireiro Patric Carlos, 37 anos, a bordo da P-19.

O acidente ocorreu quando o trabalhador prestava serviços na plataforma, contratado pela empresa GranIHC Services S.A., onde estava há apenas dois meses e oito dias.  As informações iniciais são de que ele teria morrido após inalar CO2 na sala do moto gerador na plataforma. Segundo o Sindipetro NF, no local, que é fechado, acontecia uma obra de retirada de piso gradeado e há informações de que outros três trabalhadores também estariam na sala e, portanto, poderiam ter sido vitimados.

O coordenador do sindicato, Tezeu Bezerra, denunciou que a redução progressiva de investimentos da Petrobrás em segurança tem provocado o sucateamento das instalações. “Mais um trabalhador perde a vida na Petrobrás, fruto da precarização das condições de trabalho e da redução de investimentos em segurança. Lutaremos por melhores condições e participaremos da comissão de investigação de acidente”, afirmou durante o ato desta quarta.

 

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Em nota denunciando o acidente, a FUP lamentou a perda de mais um trabalhador, vítima da insegurança nas unidades da Petrobrás, onde o risco de não retornar vivo para casa é cada vez maior, em função do grave desmonte que ocorre na empresa, desde 2016, e que foi intensificado no governo Bolsonaro.

“Não é possível que pessoas continuem morrendo em acidentes dentro de seus locais de trabalho. A empresa é responsável pelas pessoas que estão dentro de suas unidades. Até quando famílias perderão seus entes queridos por descaso da Petrobrás? É inadmissível. Sinto muito pela família do Patric Carlos”, afirmou, indignado, o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Só em 2022, já ocorreram três mortes por acidentes na Petrobrás. Em fevereiro, um trabalhador faleceu durante serviço realizado em espaço confinado na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro. Em março, ocorreu um acidente fatal em um helicóptero contratado pela Petrobrás, na Baía de Camamu, no baixo-sul da Bahia.

Segundo o Sindipetro-NF, petroleiros e petroleiras da P-19  paralisaram suas atividades desde ontem, impactados pelo luto e em protesto contra a insegurança. O sindicato reforça que é muito importante que todas as informações sobre o caso sejam enviadas para [email protected], com garantia de sigilo sobre a identidade dos denunciantes.

“Poderia ser você”

O ato no Farol começou nas primeiras horas da manhã desta quarta. Sindicalistas fincaram cruzes nos canteiros próximos à entrada do heliporto e estenderam faixas. Uma delas alerta o trabalhador que “poderia ser você”, conscientizando sobre a necessidade de todos priorizarem a luta pela segurança no trabalho.

Patrick era casado, tinha dois filhos e era natural de São Mateus (ES). O sindicato ainda não tem informações sobre o sepultamento.

O diretor de SMS da FUP, Antônio Raimundo Teles, vai representar o Sindipetro-NF na comissão de investigação do acidente, que começou ontem mesmo a ser formada. A entidade questiona a razão do disparo de CO2 em uma sala com pessoas, quando só pode ocorrer para debelar incêndio e quando estiver vazia.

O Sindipetro-NF denunciou mais um episódio de práticas antissindicais da gestão da Petrobrás, que, mesmo em um momento de luto da categoria petroleira, não permitiu a entrada no heliporto da fotógrafa Gabriela Fonseca, contratada pelo Departamento de Comunicação do Sindipetro-NF para cobrir o protesto. As imagens precisaram ser feitas à distância, de fora da instalação.

[Com informações do Sindipetro-NF]