O jornalista e escritor Bernardo Joffily fez nesta quinta-feira, 14, a noite o relançamento do “Livro Negro da Ditadura Militar” durante o XVI Confup. A primeira edição foi publicada e distribuída clandestinamente em 1972, pelo grupo revolucionário Ação Popular (AP). Na época, Bernardo tinha 21 anos de idade e escreveu o livro em parceria com os jornalistas Duarte Pacheco Pereira e Carlos Azevedo, que, assim como ele, eram militantes da imprensa clandestina e alternativa.
As 200 páginas do livro-denúncia são fruto de um trabalho corajoso, feito completamente na clandestinidade, cujo conteúdo foi datilografado em uma IBM, com a capa desenhada em estêncil e impresso em gráfica de fundo de quintal. Os textos relatam flagrantes das atrocidades cometidas pela ditadura militar, com informações sobre sequestros, tortura, mortes e desaparecimentos de militantes que lutavam contra o regime.
O livro foi reeditado em abril de 2014, por conta do cinquentenário do golpe militar, através de uma parceria entre a Editora Anita Garibaldi e a Fundação Maurício Grabois. A nova edição retrata fielmente o fac-símile do “Livro Negro”, tal como circulou nos anos 70. A obra também vem acompanhada de um livreto com depoimentos dos jornalistas e de toda a equipe responsável na época pela pesquisa, redação, datilografia, publicação, impressão e circulação do livro. Tudo feito de forma clandestina. Nesse encarte, os autores também se explicam em relação ao controverso título, que nos dias de hoje causaria polêmica com os movimentos de combate ao racismo.
"O título Livro Negro em nossos dias geraria compreensível repúdio. O movimento antirracista, que emergiu com força na fase final da ditadura, conseguiu banir esse tipo de associação da palavra 'negro' com 'cruel' ou 'tenebroso'. Que o leitor do século 21 julgue o título de 1972 com tolerância, recordando que naqueles tempos esse debate nem existia, era sufocado, como tantos, pelo tacão ditatorial", ressaltam os autores do livro.
Fonte: FUP