A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos estão realizando diversas ações nesta segunda-feira pela redução dos preços dos derivados de petróleo, em apoio à paralisação dos caminhoneiros. Ao longo do dia, haverá protestos em diversos estados do país, com doações e venda subsidiada de botijões de gás, distribuição de cestas básicas, descontos para compra de gasolina e diesel, campanhas de conscientização sobre os impactos sociais do desmonte do Sistema Petrobrás, entre outras ações de solidariedade voltadas para as comunidades que mais sofrem com o preço absurdo dos combustíveis e as altas taxas de desemprego.
A política de reajuste dos derivados de petróleo que as gestões neoliberais da Petrobrás adotaram para satisfazer o mercado e os acionistas privados virou um pesadelo para a população brasileira e é um dos principais motivos da greve dos caminhoneiros, que conta com o apoio da FUP. Levantamento feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) revela que entre julho de 2017 e janeiro de 2021, sob o comando dos governos Temer e Bolsonaro, a direção da estatal aumentou em 59,67% o preço da gasolina nas refinarias. O diesel sofreu reajustes de 42,64% e o GLP (gás de cozinha) subiu 130,79%. Já o preço do barril do petróleo acumulou reajustes de 15,40% neste mesmo período e a inflação medida pelo INPC (IBGE) ficou em 15,02%.
Esse disparate é resultado da mudança na política de preços da Petrobrás, que a FUP e seus sindicatos denunciam desde 2016, quando a gestão que assumiu a empresa após o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff impôs o Preço de Paridade de Importação, que varia conforme o vai e vem do valor do barril de petróleo no mercado internacional e as oscilações do dólar e dos custos de importação, o que faz com que os reajustes sejam frequentes e abusivos. “Por conta dessa política, estamos sofrendo com aumentos descontrolados dos derivados de petróleo, o que inviabiliza setores estratégicos da economia, além de afetar massivamente a população”, alerta o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar.
Mais de 370 ajustes de preços em menos de 4 anos
Segundo o levantamento feito pela subseção FUP do Dieese, só a gasolina sofreu 371 ajustes de preço desde julho de 2017, sendo que em 197 vezes, o preço subiu e em outras 174, teve pequenos decréscimos. No caso do diesel, foram 290 ajustes de preços, 164 deles para cima. Já o GLP foi reajustado 30 vezes desde julho de 2017, sendo que 20 das alterações feitas pela gestão da Petrobrás foram para aumentar o preço do derivado. Ainda segundo o estudo, no governo Bolsonaro, o diesel já subiu 17,20%, a gasolina, 37,87% e o gás de cozinha, item essencial na cesta básica das famílias brasileiras, aumentou 43,61%.
“A venda de ativos no Brasil e o foco na geração de lucro para acionistas, está ampliando a dependência da Petrobrás do mercado internacional. O resultado disso é a aceleração dos reajustes de preços dos combustíveis no país, afetando diretamente as classes mais baixas, pelo efeito cascata gerado sobre a inflação de alimentos e outros gêneros de primeira necessidade”, alerta o economista do Dieese, Cloviomar Cararine, que assessora a FUP.
O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep) também divulgou recentemente um estudo que aponta o Brasil como um dos países que tem o diesel mais caro entre os grandes consumidores do combustível, como Alemanha, Áustria, Dinamarca, EUA, França e Reino Unido. O levantamento, feito a partir de outubro do ano passado, revela que a alta do diesel no Brasil só não foi maior do que a da Alemanha. [Veja aqui a matéria sobre o estudo do Ineep].
“Quando comparamos os reajustes da gasolina e do diesel, nos últimos anos, observamos que o diesel teve um aspecto mais conservador. Mas a oscilação é muito semelhante, evidenciando que a política da Petrobrás de alinhar os preços internos à cotação internacional do barril traz profunda oscilação e volatilidade ao mercado interno”, afirma Cararine.
Confira as principais ações dos sindicatos da FUP em apoio à greve:
SINDIPETRO AMAZONAS: doação de 30 cestas básicas, com medidas preventivas, levando em conta o lockdown estabelecido na cidade.
SINDIPETRO CEARÁ/PIAUÍ: protesto e campanhas com outdoors, sem aglomerações devido ao agravamento da pandemia da COVID.
SINDIPETRO PERNAMBUCO/PARAÍBA: doação de 50 botijões para famílias em vulnerabilidade social. Distribuição de 200 marmitas, projeto Mãos Solidárias do Armazém do Campo em Recife. Parte dessas marmitas serão destinadas aos caminhoneiros grevistas.
SINDIPETRO BAHIA: pela manhã, venda subsidiada de 200 botijões de gás para famílias em vulnerabilidade social, no bairro de Pituaçu, em Salvador, e venda subsidiada de gasolina no posto BR do Dique do Tororó.
SINDIPETRO ESPÍRITO SANTO: juntamente com motoristas de aplicativos e motoboys farão carreata do aeroporto até a sede antiga da empresa, com distribuição de voucher de desconto em combustíveis líquidos no final da atividade para até 100 veículos. Limitado a 20 litros para carros e 10 litros para motos. Após a carreata, se juntarão às atividades das Centrais Sindicais previamente programadas.
SINDIPETRO DUQUE DE CAXIAS: distribuição de uma tonelada e meia de alimentos, através da doação de 100 cestas básicas em comunidades da Baixada Fluminense e outras áreas do estado do Rio de Janeiro, além de 1000 máscaras de proteção contra a Covid.
SINDIPETRO NORTE FLUMINENSE: doação de 200 botijões em Padre Miguel, Zona Norte do Rio de Janeiro.
SINDIPETRO MINAS GERAIS: doação de 100 botijões de gás para famílias em vulnerabilidade social e atos deliberados juntamente com as Centrais Sindicais.
SINDIPETRO UNIFICADO DE SÃO PAULO: subsídio de 200 botijões de gás nas comunidades do Grajaú e de São Miguel Paulista.
SINDIPETRO PARANÁ/SANTA CATARINA: carreatas e subsídio de 300 botijões de gás para comunidades em situação de vulnerabilidade social.
SINDIPETRO RIO GRANDE DO SUL: subsídio de 100 botijões de gás, no município de Esteio.
[Da imprensa da FUP]