Desmonte do refino, quem paga essa conta?

O desmonte em curso nas refinarias brasileiras está diretamente associado à política de privatização do setor de energia, imposta pelo governo ilegítimo de Michel Temer. Na Petrobrás, o objetivo é desintegrar todo o Sistema, vendendo a companhia aos pedaços. Isso inclui desde subsidiárias estratégicas, como a BR Distribuidora e a Transpetro, até ativos que fazem parte do negócio principal da petrolífera, como campos de petróleo e refinarias.

Sabotagem

A missão da gestão Pedro Parente é reduzir o máximo possível a presença da Petrobrás no setor, entregando ao mercado não só os ativos nobres da empresa, como também toda a sua infraestrutura e logística. Em uma ação casada, ele alterou a política de preços de combustíveis e reduziu drasticamente a carga processada das refinarias, fazendo a estatal brasileira perder espaço no mercado doméstico de combustíveis para as suas concorrentes. Isso configura claramente sabotagem industrial.

Perda da capacidade industrial

O parque de refino da Petrobrás está operando com pouco mais de 70% de sua capacidade. Com isso, o país deixa de processar quase meio milhão de barris de petróleo por dia. “O Brasil deve se consolidar no papel de exportador líquido de petróleo e importador líquido de derivados nos próximos anos“, aponta o Boletim de Conjuntura da Indústria do Petróleo no Brasil, divulgado dia 29 de junho pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE/MME). O estudo prevê que a produção brasileira de petróleo alcançará na próxima década de 4,5 milhões a 5 milhões de barris diários, para uma demanda entre 3 milhões e 3,5 milhões de barris por dia.

Ou seja, estão transformando uma riqueza extraordinária, como o pré-sal, em uma maldição, pois, com as refinarias subutilizadas, a Petrobrás desintegrada e o país caminhando a passos largos para ser um exportador de óleo cru, o desenvolvimento da nação e a soberania energética ficam cada vez mais comprometidos. Será a sentença de morte para a indústria nacional, que já está em frangalhos sem os investimentos do petróleo, que é um dos principais alicerces da nossa economia. O resultado é o aumento do desemprego e da pobreza, como aconteceu em vários países que adotaram as mesmas medidas do governo ilegítimo de Temer.

Conflito de interesses

O desmonte das unidades de refino tem beneficiado diretamente as empresas que concorrem com a Petrobrás na comercialização de combustíveis e que também estão de olho na BR Distribuidora, que, assim como as refinarias, está na lista das privatizações anunciadas por Pedro Parente. Só nos primeiros quatro meses deste ano, as importações de gasolina subiram 41,4% em relação ao mesmo período de 2016. É o maior volume desde 2000.

Em fevereiro, por exemplo, foram importados diariamente 700 mil metros cúbicos de gasolina e 1,1 milhão de metros cúbicos de óleo diesel. Segundo dados da ANP e do Ministério de Minas e Energia, cerca de 20% do mercado brasileiro é hoje abastecido por produtos importados e a demanda interna de derivados deve crescer 35% até 2026.

O negócio é tão lucrativo que já atraiu para o país 212 empresas importadoras de combustíveis. Só nos quatro primeiros meses deste ano, 155 novas “traders” passaram a atuar no mercado brasileiro. A Glencore, uma das multinacionais que operam neste setor, já negocia, inclusive, a fusão com a Bunge, empresa com quem Pedro Parente tem uma estreita relação. Entre 2010 e 2014, ele presidiu a divisão brasileira da corporação.      

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Fonte: Informativo da FUP