Os petroleiros da Bahia seguem firmes e fortes com a greve por tempo indeterminado contra a redução do efetivo mínimo e em defesa da vida. A decisão foi tomada, por grande maioria, em assembleia que aconteceu na manhã desta segunda-feira, 03/07, em frente à Refinaria Landulpho Alves, em Mataripe.
Eles votaram a favor do indicativo da diretoria do Sindipetro Bahia de continuidade do movimento, que teve início na sexta-feira, 30/06, entrando agora no quarto dia de greve. A categoria também aprovou a realização de uma assembleia que vai acontecer na quarta-feira, 05/07, com todas as turmas e adm, quando será feita outra avaliação do movimento.
O advogado, Clériston Bulhões, falou sobre as denúncias de cárcere privado e que a assessoria jurídica do sindicato vem trabalhando para obter uma liminar que proíba a redução do efetivo mínimo na Rlam, como aconteceu na REDUC e REPLAN. Caso isso aconteça a greve pode ser suspensa a qualquer momento, explicou o coordenador do Sindipetro Bahia, Deyvid Bacelar, que ressaltou que “diferente das outras greves, os trabalhadores estão brigando para sair da refinaria após terem cumprido seus turnos. Eles estão abrindo mão das horas extras, agem de forma consciente, porque após muitos debates nas” cirandas de turno” realizadas pelo Sindipetro Bahia na Rlam, houve essa percepção que a redução do efetivo mínimo significa enxugamento do quadro para posterior privatização, além do perigo iminente de acidentes e até mortes”.
Pelegos não serão perdoados
A categoria também mostrou grande revolta com os pelegos que estão furando a greve, principalmente aqueles que foram deslocados de helicóptero da REVAP até à RLAM. Estes foram rechaçados pelos trabalhadores que não permitiram a presença deles na refinaria. Para o diretor da FUP, Leonardo Urpia, “agora, a Petrobrás, além de importar gasolina, para reduzir as cargas nas refinarias, começou também a importar pelegos”.
A assembleia, que foi bastante concorrida, durou cerca de três horas, período em que os microfones ficaram abertos para que os diretores e categoria dessem o seu recado e opiniões. Os diretores da FUP, Paulo César Martin, Ubiraney Porto e Leonardo Urpia, deram informes sobre a indicação da FUP de suspensão da greve, levando em conta o quadro nacional, em que a maioria das refinarias suspendeu a greve, seja por obtenção de liminar favorável aos sindicatos ou por decisão da própria categoria de encerrar o movimento. Os diretores destacaram o papel combativo da Federação em buscar uma unidade de luta de todos os sindicatos para conter a redução do efetivo de trabalhadores e a privatização do Sistema Petrobrás.
Bahia é exemplo para o país
Já o diretor Radiovaldo Costa afirmou que a grande força da categoria é a unidade. “Somos todos crachás verdes e devemos unificar a luta dos trabalhadores nesse momento de crise e ameaça”. Para ele o fato de a RLAM decidir manter a greve e continuar forte no movimento é, sem dúvida, o resultado de um trabalho que o sindicato vem realizando nas bases. “O Brasil foi descoberto na Bahia, a Petrobrás nasceu na Bahia e, agora, a Bahia, manda um recado, que a hora não é de recuo. Continuamos como protagonistas da história”.
A diretora Rosângela Maria parabenizou os trabalhadores pela greve “que já é vitoriosa”, lembrando o pessoal do adm também aderiu de forma consciente ao movimento. O diretor recém-eleito, Ivo Saraiva, também festejou “o alto grande de conscientização dos trabalhadores, o que fortalece a greve e também a categoria”.
Outro diretor recém-eleito, Átilla Barbosa, disse que “a nossa intenção não é apenas continuar com a greve na RLAM e mostrar nacionalmente que somos fortes. O que queremos, e podemos, é ser indutores desse movimento para que as outras bases do restante do país percebam que não temos outro caminho e cheguem junto”. Também recém-eleito, Miguel Ferraro, ressaltou “o sentimento e o clima positivo da categoria, o que é um outro indicativo de que a greve deve continuar”.
Greve é recado para a gestão da Petrobrás
O presidente da CUT Bahia e também diretor do Sindipetro, Cedro Silva, disse que a greve na RLAM ganha uma importância ainda maior levando em conta que a situação na Bahia ainda é mais complicada, pois está havendo um grande desmonte do Sistema Petrobrás no estado. O diretor Jairo Batista afirmou que “essa greve já se tornou histórica e um exemplo a ser seguido”, ressaltando que muitos companheiros foram mortos vítimas de acidentes de trabalho e muitas outras mortes correrão se permitirmos a redução do efetivo mínimo.
Para Paulo César, “uma prova de que a nossa greve tem força é que a direção da Petrobrás está chamando o sindicato para negociar contingência, o que não costuma fazer”.
Antes da votação que decidiu pela continuidade da greve, Deyvid passou o recado do Sindipetro Bahia, ao explicar porque a greve não deveria ser suspensa. “Como suspender uma greve como essa se nós sabemos que reduzir o efetivo mínimo significa nível de insegurança maior, significa mais acidentes ou até mortes? Como suspender uma greve como essa, se sabemos muito bem, que esse é o primeiro passo para o desmonte e privatização da empresa?”, indagou Deyvid.
Deyvid afirmou ainda que “a refinaria está prestes a parar sua produção e, com isso, estamos mandando um claro recado para a alta administração entreguista da empresa, indicada pelos tucanos e PMDB, que não vamos entregar esse ativo de graça. E estamos também mandando um recado para os possíveis compradores dessa refinaria, que aqui não tem brincadeira”.
Estavam presentes também na assembleia os diretores André Araújo, Gilson Sampaio (Morotó), Agnaldo dos Anjos, George Arléo, Elíu Evangelista, Sinvaldo Costa, e Gilberto Silva. Além dos recém-eleitos, Paulo Landulpho e Christiane Petersen da Silva.
Veja a decisão da categoria:
– Manutenção da greve por tempo indeterminado.
– Assembleia na quarta-feira, 05/07, para avaliar o movimento.
– Suspensão da greve, caso haja decisão liminar em favor do Sindipetro Bahia, proibindo a redução do efetivo mínimo.
– A categoria vai continuar ajudando o sindicato nos piquetes.
Fonte: Sindipetro-Bahia