As assembleias realizadas nas refinarias de Paulínia (Replan), em Campinas, e Capuava (Recap), em Mauá, terminaram com a aprovação da tabela de turnos de oito horas já adotada na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão.
Nas próximas semanas, a categoria irá se reunir novamente para definir um modelo de turno de 12 horas para, ao final do processo, contrapô-lo ao de oito horas e, então, estabelecer qual o formato de jornada os petroleiros desejam apresentar à Petrobrás.
Apesar de enviada junto a outras opções no início deste ano, a tabela da RPBC não estava entre aquelas aceitas pela empresa.
Em fevereiro deste ano, logo após a mediação feita pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) para a greve nacional dos petroleiros contra o fechamento da Fafen-PR (Fábrica de Fertilizantes do Paraná) que durou 20 dias, a companhia acertou um modelo de turno com o sindicato dos petroleiros do litoral paulista.
Porém, a companhia alega agora que em apenas cinco meses os critérios mudaram e esse formato não será mais aceito.
O Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro Unificado-SP) questionou oficialmente a direção sobre a falta de parâmetros para a decisão, mas não recebeu qualquer resposta. Diante da incoerência, também esse formato foi disponibilizado para a votação, conforme explica o coordenador da regional Campinas, Gustavo Marsaioli.
“Colocamos essa tabela entre as possíveis a serem votadas porque já tinha sido aprovada pela empresa e, caso seja a eleita, vamos brigar pela implementação. Vamos cobrar os acordos que foram feitos”, aponta.
Futuro em jogo
O atual turno de 12 horas surgiu como algo paliativo diante da pandemia de coronavírus que impôs a necessidade de distanciamento entre os trabalhadores. Com períodos maiores de trabalho, a necessidade de locomoção dos petroleiros até os postos de trabalho diminuiu, assim como o contato entre eles.
Porém, a empresa pretende transformar o que era emergencial em definitivo, mas há aspectos jurídicos e de bem-estar que precisam ser avaliados.
O Sindipetro Unificado destaca que há um problema estrutural na Petrobras, com uma política de contratação frágil, sem planejamento e que não leva em conta a média de aposentadoria e mortes. Além da necessidade do tempo de especialização para atividades profissionais como operadores e técnicos de manutenção, que demoram de dois a cinco anos para serem formados.
O ideal, aponta o sindicato, seria trabalhar entre bandas, na relação entre o mínimo exigido e 20% acima dessa base.
Por conta do efetivo sempre no limite, as sobrejornadas são tão comuns que os trabalhadores acabam por entender que os turnos de 12 horas são melhores. Mas eles trazem impactos para a saúde a médio e longo prazo, o que leva o Sindipetro Unificado a recomendar a jornada de oito horas.
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[Via Sindipetro Unificado SP]