Os associados ao CEPE Stella Maris e seus familiares vão ocupar as dependências do clube por tempo indeterminado, caso a direção da Petrobrás mantenha a resolução de tomar de volta o terreno do CEPE também conhecido como Petroclube. Esta foi uma das decisões tomadas pelos sócios do clube em assembleia no sábado, 30/10.
Eles também vão recorrer a todas as medidas judiciais cabíveis para buscar reverter a decisão da direção da Petrobrás, que deu um prazo de quatro meses para desocupação do terreno, onde o clube está instalado desde 1987. Neste sentido, o Sindipetro Bahia colocou a sua assessoria jurídica à disposição para ajudar nesta questão.
Outra decisão foi a realização de um abraço coletivo ao clube, com a participação de representantes de mais de 34 instituições sociais que são beneficiadas pelo clube e de sindicatos e associações de petroleiros. Além da criação de núcleos de bairros em defesa do Petroclube.
A direção do Cepe também vai procurar as comissões de meio ambiente da Assembleia Legislativa da Bahia e da Câmara de Vereadores de Salvador, uma vez que o terreno do clube está localizado em uma Área de Proteção Ambiental (APA).
Ataque da gestão Bolsonaro
Bastante concorrida, a assembleia que aconteceu na quadra poliesportiva do clube, reuniu mais de 400 sócios além de representantes do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Federação dos Clubes de Empregados da Petrobras (FCEPE), Associação dos Engenheiros da Petrobrás, Núcleo-Bahia (AEPET-BA), Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas da Petrobras da Bahia (ASTAPE-BA) e a Associação Brasileira dos Anistiados Políticos do Sistema Petrobrás (ABRASPET).
O clima foi de revolta contra a medida da Petrobrás, considerada por todos “absurda, inaceitável e inegociável”. Foi consenso que haverá resistência e que a categoria petroleira não vai abrir mão do seu patrimônio construído ao longo de 34 anos com recursos próprios.
O Coordenador do Sindipetro, Bahia Jairo Batista lamentou mais um ataque da direção da Petrobrás. “Eles querem tomar este clube para colocar à serviço do mercado imobiliário e nós não permitiremos. A categoria petroleira sai desta assembleia mais unida e com várias tarefas que serão colocadas em prática para evitar o fechamento deste importante espaço, não só de lazer, mas também que serve à comunidade da região, atendendo ainda várias instituições sociais e crianças carentes”.
Para Deyvid Bacelar, Coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), “infelizmente, devido a esta mudança que tivemos com o governo Bolsonaro, que trouxe uma gestão privatista e entreguista à Petrobrás, nós estamos passando por este pesadelo no Cepe Stella Maris, um local onde as pessoas da categoria e outras que são associadas a este clube conviveram durante muitos anos, inclusive com suas famílias. Mas não vamos nos entregar. Utilizaremos de todos os recursos para garantir que este espaço continue sendo dos petroleiros e petroleiras”.
O Diretor de Comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, lembrou que apesar de ser dona do terreno, a Petrobrás investiu muito pouco no clube, “as melhorias e grandes obras foram todas feitas com o dinheiro dos associados”. Para ele os ataques do governo Bolsonaro à Petrobrás e aos petroleiros devem ser encarados de frente. “Bolsonaro tem como meta de governo a destruição do que foi o Brasil durante os governo democráticos e populares de Lula e Dilma. Há uma sanha de destruição, principalmente quando se trata do Nordeste e particularmente da Bahia. Por isso foi tão importante a decisão tomada na assembleia de que haverá resistência a mais este ataque”.
Boa infraestrutura e importante papel social
O Clube dos empregados da Petrobrás tem cerca de cinco mil associados que contam com uma boa infraestrutura composta por cinco piscinas, dois restaurantes, quatro campos de futebol, quatro quadras poliesportivas, concha acústica para shows e dois vestiários.
De acordo com Dejair Santana, presidente do Cepe Stella Maris, o clube exerce um importante papel social, realizando projetos que beneficiam jovens e crianças carentes, contando ainda com escolinhas de futebol, natação, ginástica rítmica e tênis. O Cepe tem ainda convênios com a prefeitura de Salvador, oferecendo um dia de lazer para crianças e jovens das escolas municipais.
Santana destaca ainda outro projeto de parceria com a prefeitura de Salvador em que em troca da redução do IPTU o clube atende crianças indicadas pela Secretaria de Esporte e Lazer da prefeitura, mantendo do fardamento e alimentação até o transporte de 65 crianças das escolas municipais.
As ações solidárias são outro destaque do clube, segundo Santana. “Durante a pandemia já arrecadamos e distribuímos 10 toneladas de alimentos, além de agasalhos e material de higiene e limpeza. São mais de 20 instituições beneficiadas”.
[Da imprensa do Sindipetro Bahia]