Petroleiros baianos homenageiam Mário Lima, a primeira liderança combativa dos petroleiros no Brasil

Mário Lima, 74 anos, morreu nesta sexta-feira, em Salvador, vítima de um acidente vascular…

Mário Lima, 74 anos, morreu nesta sexta-feira, em Salvador, vítima de um acidente vascular cerebral. Foi líder sindical fundador do Sindipetro Bahia, filiado ao PSB, teve seus direitos políticos cassados durante a ditadura e foi deputado constituinte pelo PMDB em 1987.  

Embora os petroleiros tenham constituído sua primeira Associação dos Trabalhadores no país desde 1954; e em 1957 o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Extração de Petróleo (Stiep) tenha sido reconhecido. Foi com a liderança de Mario Lima e de Oswaldo Marques que em 1960 os trabalhadores da Industria de refino de petróleo conseguiram se organizar num sindicado, o Sindipetro Bahia.

Com a liderança de Mario Lima este sindicato se destacou desde o início de seu funcionamento pela combatividade promovendo diversas lutas importantes: greve contra abusos do setor médico da Refinaria e principalmente movimentos reivindicatórios a favor da equiparação dos salários dos petroleiros baianos aos das refinarias paulistas. Para isso, Mario Lima e outros sindicalistas baianos foram às portas da Refinaria de Cubatão recolher contracheques de colegas paulistas para poder documentar as denúncias de desigualdade salarial entre petroleiros dos dois Estados. Ação que implicou também num começo de articulação nacional. Feita a greve, os petroleiros baianos conseguiram equiparação de 80% dos salários pagos aos petroleiros de São Paulo, coroando com êxito o nascimento de uma nova organização sindical: o Sindipetro. A partir dai i mportantes lutas foram realizadas em defesa da incorporação de refinarias paulistas privadas ao patrimônio estatal, em favor do monopólio estatal do petróleo.

Desde então muitas lutas foram desenvolvidas; Campanhas a favor de melhores condições de trabalho, pressão para indicação de Presidente da Petrobras,  e luta pelas reformas de base durante o Governo de Jango, incluindo por iniciativa dos petroleiros, questões de política energética e da Petrobras,   até que o golpe militar tomasse os sindicatos com intervenções e prisões dos seus principais líderes, a exemplo de Mário Lima, que além de dirigente sindical já acumulava um mandato para a Câmara Federal . Nascia com Mario Lima a atuação sindical apontando aos trabalhadores a necessidade de ações políticas mais amplas. Exemplo mais tarde seguido por Lula e outros sindicalistas ligados ao PT e a outros partidos de esquerda. Após a ditadura militar Mario voltou à Câmara, pelo PMDB, em 1995. Sendo, em 1986, eleito para mais um mandato pelo mesmo partido. Voltou a dirigir o Sindicato,  após a greve de 1983, quando os petistas que então lideravam o sindicato foram cassados pela ditadura de Figueiredo e sendo sucedido em 1990 pelos sindicalistas da CUT. Em 2004 foi candidato à vice-prefeito de Salvador na chapa de Lídice da Mata (PSB). Ano passado,  comemorou 50 anos de trabalho na Petrobras, ainda na ativa.

Deixo aqui minha homenagem ao companheiro Mario Lima com quem pude conviver no sindicalismo baiano na fase posterior a ditadura militar. Embora em alguns momentos firmássemos posições diversas, a história da nossa categoria marcada pela trajetória de Mario Lima sempre nos trouxe inspiração para prosseguirmos. Mario Lima nos deixa um grande legado político e sindical. Foi um homem de bem, simples e simpático no trato com as pessoas, mas firme e tranqüilo no respeito aos seus princípios.

Siga em paz, companheiro!