FUP
O quarto dia de greve dos petroleiros teve novas adesões e uma série de denúncias contra as arbitrariedades da Petrobrás. Neste domingo, 20, os petroleiros permanecerm de braços cruzados nas principais unidades operacionais, apesar do endurecimento dos gestores da empresa para desestabilizar a categoria e suas direções sindicais.
Além de recorrer a aparatos policiais e até mesmo às forças armadas para tentar intimidar os trabalhadores, a Petrobrás aumentou a pressão, através do judiciário, enviando inclusive juizes de plantão para as portas da unidades, visando a retomada da produção nas refinarias, terminais e áreas de produção de petróleo e gás.
Os petroleiros, no entanto, seguem firmes na greve nacional, que vem crescendo com a adesão de trabalhadores a cada dia. No Rio Grande do Sul, além dos operadores da Refap e dos terminais da Transpetro, os petroleiros da Termoelétrica Sepé Tiaraju, em Canoas, também cruzaram os braços.
No Espírito Santo, os trabalhadores da estação de produção terrestre SM-8 também somaram-se à greve neste domingo. Segundo informações dos sindicatos, a adesão permanece entre 90% e 100% dos efetivos das unidades operacionais, com participação dos trabalhadores terceirizados e também do administrativo.
Apesar das ações antissindicais da Petrobrás, que insiste em desrespeitar o direito de greve, com interditos proibitórios, cárcere privado nas unidades, entre outras arbitrariedades, os petroleiros seguem parados, sem realizar a troca de turno e, em algumas unidades, a greve tem ganhado mais adesões.
A operação tem sido mantida na maioria das unidades do Sistema Petrobrás por equipes de contingência da empresa, formadas por gerentes, supervisores e outros profissionais sem experiência nas tarefas de rotina das refinarias, plataformas e terminais, o que coloca em risco a segurança das equipes e das próprias unidades.
Cárcere privado
Na madrugada deste domingo, após muita pressão, o Sindipetro Caxias conseguiu garantir o cumprimento da ordem judicial que ordenou a retirada dos trabalhadores que estavam há mais de 12h na Reduc. Cerca de 13 técnicos de operação entregaram a operação da refinaria à contingência e foram retirados da unidade. Segundo informações do sindicato, a Petrobrás deve pagar R$ 10 mil por hora, a cada trabalhador retido após às 15h15 de sábado, 19.
Há denúncias de cárcere privado em várias plataformas da Bacia de Campos, onde há pelo menos 200 trabalhadores sendo mantidos nas unidades contra suas vontades. O Sindipetro-NF denunciou o fato à Justiça do Trabalho e à Polícia Civil. Há também denúncias de cárcere privado nas refinarias e terminais do Sistema Petrobrás.
Polícia para quem precisa
Em Entre Rio, na Bahia, a Petrobrás recorreu à polícia para tentar garantir a retomada de pelo menos 1000 metros cúbicos de produção do Ativo Norte, região onde é concentrada 65% da produção terrestre de óleo do estado. Os petroleiros da Rlam também tiveram que resistir à ação da polícia (foto).
No Espirito Santo, a truculência foi semelhante na UTGC (Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas), no Norte Capixaba, onde a polícia chegou fortemente armada, acompanhada de um grupo tático da ROTAM, de oficiais de justiça e até mesmo de um juiz para retomar a abertura dos portões da unidade e garantir o carregamento das carretas de GLP.
Os Sindipetros Amazonas e Paraná também já haviam denunciado que as Forças Armadas estão fazendo patrulhamentos das unidades da Petrobrás que estão em greve, na tentativa de intimidar os trabalhadores. Na sexta-feira, o Exérctio enviou um caminhão com tropas para rondar a Refinaria do Paraná (Repar). No Amazonas, a Marinha atracou duas vezes navio de guerra no Rio Solimões, próximo ao Terminal da Transpetro – no final da tarde de sexta e novamente no sábado pela manhã.
Reivindicações
Os petroleiros lutam pela suspensão do leilão de Libra, previsto para acontecer nesta segunda-feira, 21, contra o PL 4330, que trata da regulamentação da terceirização com ataques aos direitos trabalhistas, e por avanços na campanha reivindicatória.
QUADRO NACIONAL DA GREVE NAS BASES DA FUP
Plataformas e campos terrestres
Bacia de Campos: 42 plataformas.
Bahia: campos de produção terrestre de Miranga, Bálsamo, Araçás, Taquipe, Buracica, Candeias e 22 poços do Ativo Norte.
Rio Grande do Norte: 22 plataformas marítimas e campos terrestres de Alto do Rodrigues, Campo do Amaro, Riacho da Forquilha, Base 34 e Campo de Estreito.
No Espírito Santo: estação Fazenda Alegre e SM-8.
Refinarias
Estão parados os trabalhadores das refinarias de Duque de Caxias (Reduc/RJ), Manaus (Reman/AM), Paulínia (Replan/SP), Mauá (Recap/SP), Mataripe (Rlam/BA), Gabriel Passos (Regap/MG), Paraná (Repar), Alberto Pasqualine (Refap/RS), Abreu e Lima (Pernambuco), Potiguar Clara Camarão (RPCC/RN) além da SIX (usina de Xisto/PR) e da FAFEN (fábrica de fertilizantes/BA).
Transpetro
Na Transpetro, a greve atinge os terminais de Solimões (AM), Suape (PE), Jaboatão (PE), Madre de Deus (BA), Campos Elíseos (Duque de Caxias/RJ), Cabiúnas (Macaé/RJ), Guararema (SP), Guarulhos (SP), São Caetano (SP), Barueri (SP), São Francisco do Sul (SC), Itajaí (SC), Guaramirim (SC), Biguaçu (SC), Paranaguá (PR), Osório (RS), Canoas (RS) e Rio Grande (RS).
Gás, Biodiesel e Termoelétricas
Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC/ES); malha do gás de São Paulo; usinas de Biodiesel da Bahia e de Montes Claros (MG); Termorio (Duque de Caxias), Termoeletrica Aureliano Chaves (MG) e Termoelétrica de Sepé Tiaraju (RS).