A Petrobrás anunciou na noite desta quarta-feira, 27, os resultados financeiros e operacionais de 2018. A empresa registrou lucro líquido de R$ 25,7 bilhões, influenciada principalmente pelo câmbio, pelo aumento do preço do barril do petróleo e pela lucratividade do pré-sal, que, sem os investimentos feitos entre 2003 e 2014, jamais teria sido descoberto e desenvolvido. Ao longo de 2018, o barril do petróleo teve um aumento em reais de 50%, saltando de R$ 173,30 para R$ 260,20, o que impactou diretamente nas receitas que a Petrobrás obteve no setor de exploração e produção.
Mesmo com a entrada em operação de quatro novos sistemas de exploração, a empresa amargou uma queda de 5% na produção de petróleo, em função das privatizações e dos desinvestimentos do governo Temer. Foi a maior queda anual na produção desde 2003, o que levou a Petrobrás a ficar abaixo da meta de 2.100 milhões de barris de petróleo por dia, que havia sido estipulada para 2018.
Contribuiu para essa queda a venda de 25% do campo de Roncador para a petroleira norueguesa Equinor (ex-Statoil) e a redução de investimentos nos campos maduros do pós-sal, o que fez a produção cair drasticamente. O impacto só não foi maior nos resultados da empresa, em função do aumento de 32% do preço internacional do barril do petróleo e da desvalorização cambial de 14%.
Em função desses fatores externos à gestão da Petrobrás, o lucro do E&P dobrou, saltando de R$ 33,6 bilhões para R$ 66,5 bilhões. Não é à toa que a estratégia da empresa continua sendo jogar todas as fichas no pré-sal, que até pouco tempo atrás era menosprezado pelo privatista Pedro Parente, da mesma linha neoliberal do atual presidente Roberto Castello Branco.
Segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP), os resultados da Petrobrás poderiam ser ainda melhores se não fossem os desinvestimentos que a empresa fez no E&P. “Com a política de desinvestimentos em curso, deve evidenciar também que a Petrobrás perdeu a oportunidade de auferir resultados operacionais ainda mais expressivos. Nesse novo contexto, caberá questionar o sentido de continuar com uma estratégia de desinvestimento tão acelerada, inclusive de campos do pré-sal, que são fundamentais para geração de caixa presente e futura da empresa”, destacou o instituto.
Principais pontos dos resultados financeiros e operacionais da Petrobrás ressaltados pelo INEEP:
- Lucro de R$ 25,7 bilhões em 2018 frente ao prejuízo de R$ 446 milhões em 2017
- Receita aumentou 23%, passando de R$ 283,7 bilhões para R$ 349,8 bilhões
- Lucro do E&P aumentou de R$ 33,6 bilhões para R$ 66,5 bilhões
- Lucro do Refino caiu de R$ 13 bilhões para R$ 8,4 bilhões. Apesar da queda do custo do refino, houve uma redução das vendas de derivados em 5%, influenciado, principalmente, pela perda de mercado para os derivados importados.
- Endividamento líquido foi reduzido em apenas 4%, caindo de R$ 280 bilhões para R$ 268 bilhões, mas a relação EL/EBITDA caiu de forma expressiva de 3,67 para 2,34, entre 2017 e 2018. Isso se explica pelo aumento do EBITDA, que saiu de R$ 76,5 bi para R$ 114,8 bi. Essa melhora do EBITDA pouco tem relação com os desinvestimentos, uma vez que eles representaram somente R$ 6 bilhões em 2018. A melhora está relacionada aos resultados operacionais.
- Os investimentos cresceram 2%, mas praticamente concentrados no E&P. Houve queda nos investimento do Gáás e Energia e estagnação no Refino.
- A queda na produção não foi maior porque a produção do pré-sal teve uma alta de mais de 5%.
Ouça aqui o podcast com a análise do INEEP
[FUP]