No Plano de Negócios 2012-2016, apresentado hoje (25), a Petrobras decidiu reduzir a meta de crescimento da produção de petróleo em relação ao plano anterior, do ano passado. Se no plano 2011-2015, os objetivos eram chegar a 3,07 milhões de barris por dia em 2015 e a 4,91 milhões em 2020, no novo planejamento as metas são mais realistas: 2,5 milhões de barris diários em 2016 e 4,2 milhões em 2020.
“Historicamente, a Petrobras não cumpre suas metas de produção. Essa tem sido a leitura e o discurso de muitos. E nosso discurso dentro da nossa companhia. Verificamos exatamente que nesses oito planos de negócios não temos cumprido nossa meta de produção. Temos, como uma de nossas conclusões que nosso plano está sendo trabalhado em metas ousadas, que se mostraram ano a ano metas não realistas”, disse a presidenta da empresa, Graça Foster.
Para o ano passado, por exemplo, a meta era 2,1 milhão barris por dia, mas a Petrobras conseguiu produzir uma média de apenas 2,02 milhão.
O plano prevê investimentos de US$ 236,5 bilhões em cinco anos. Cerca de 60% dos investimentos (US$ 142 bilhões) serão para a área de exploração e produção de petróleo. Os recursos virão principalmente do fluxo de caixa da empresa (US$ 136 bilhões) e de captações no mercado (US$ 80 bilhões).
A área de refino, transporte e comercialização terá investimentos de US$ 65,5 bilhões, enquanto o setor de gás e energia receberá US$ 13,8 bilhões. As demais áreas responderão por menos de 7%: petroquímica (US$ 5 bilhões), biocombustíveis (US$ 3,8 bilhões), distribuição (US$ 3,6 bilhões) e corporativa (US$ 3 bilhões).
Dos 980 projetos que receberão investimentos no período, 833 já estão em andamento, que totalizam US$ 208,7 bilhões, e 147 estão em planejamento, no valor de US$ 27,8 bilhões.
Pré-sal
Quase metade (49%), ou US$ 43,7 bilhões, dos investimentos totais na área de produção (US$ 89,9 bilhões) vai para a área do pré-sal. O pré-sal responde hoje por 5% dos 2,02 milhões de barris diários produzidos no país, mas deve chegar a 30% até 2016. Ao mesmo tempo, o pós-sal vai passar dos 95% de hoje para cerca de 70% em cinco anos.
Os US$ 25,4 bilhões previstos para exploração (isto é, a perfuração de poços para descobrir o tamanho e características das reservas) continuarão concentrados no pós-sal (69%) nos próximos cinco anos, enquanto o pré-sal receberá apenas 24% desses investimentos.
O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Maria Formigli, disse que, atualmente, a Petrobras busca fazer descobertas no pós-sal, em fronteiras exploratórias como as margens leste (que inclui as bacias de Sergipe e Alagoas) e equatorial (que fica na costa amazônica). “A expectativa é muito boa nessas áreas”, destacou.
Formigli também enfatizou a necessidade de se investir na produção de equipamentos e estruturas locais para evitar atrasos e maximizar o desempenho. Ele citou como exemplo negativo as 14 sondas que foram importadas pela empresa que tiveram uma média de um ano de atraso.
Segundo o diretor, as sondas que atrasaram não têm conteúdo local. “O atraso afetou muito nossa curva de produção”, disse. A tendência é que o conteúdo local aumente e, a partir de 2016, estão previstas 33 novas sondas, que terão entre 55% e 65% de conteúdo local.
Custos operacionais
Graça Foster disse hoje que a empresa precisa reduzir os custos operacionais para melhorar os resultados financeiros. “Não estou falando da redução dos custos para a festa de Natal dos empregados. Estou falando de custos muito mais expressivos, como o estoque de materiais, a importação de produtos, nosso custo de extração, de refino e de movimentação”, disse.
Segundo Graça, uma das iniciativas da Petrobras para reduzir seus custos no próximo ano é o Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de Campos, que hoje concentra cerca de 80% da produção nacional de petróleo.
“A previsão de aumento de investimento para realização das metas deverá ser discutida com o colegiado da companhia. O diretor não tem a autorização de decidir, ele próprio, fazer investimentos acima do que está previsto”, disse Graça Foster.
Preços
Em relação ao aumento do preço dos combustíveis nas refinarias a partir de hoje, a presidenta da Petrobras disse que a empresa precisa discutir de forma permanente o assunto, internamente e com o governo.
A Petrobras adota uma política de preços que prevê reajustes a partir de perspectivas do valor do petróleo no mercado internacional a longo prazo, ou seja, que evita repassar a volatilidade desse preço.
Se essa política gerou ganhos à empresa entre 2008 e 2010, quando houve uma queda no preço do mercado internacional, em 2011 a Petrobras teve perdas com a valorização do petróleo no mundo e o aumento da importação de combustíveis.
“É fundamental que, permanentemente, estejamos discutindo a nossa capacidade de investimento diante da pressão no caixa da companhia, quando temos um aumento de importação de gasolina, como aconteceu neste ano. Aí tivemos, sim, de discutir esse aumento do preço de combustível que se verifica a partir de hoje”, disse.
Etanol
A Petrobras deve investir US$ 1,84 bilhão na ampliação da capacidade de produção de etanol no país até 2016. Desse total, um volume de US$ 1,05 bilhão será investido em projetos que já estão em andamento, ou seja, as expansões das plantas Nova Fronteira/Boa Vista, Guarani e Total.
Com esses projetos, a capacidade deve ser ampliada de 1 bilhão de litros de etanol por ano para 1,7 bilhão de litros. Já os projetos em avaliação, que demandarão mais US$ 800 milhões, ampliarão a capacidade da empresa para mais de 7 bilhões de litros por ano.
O biodiesel deverá receber US$ 300 milhões em investimentos até 2016, de acordo com o Plano de Negócios 2012-2016.
A área de gás e energia terá investimentos de mais de US$ 13 bilhões, dos quais US$ 5,7 bilhões serão destinados a projetos de transformação gás-química. “Uma das prioridades da empresa para os próximos anos é a transformação química do gás para a produção de fertilizante. Dois bilhões e meio de dólares serão para transformação química do gás em fertilizantes”, disse o diretor de Gás e Energia da empresa, Alcides Santoro.
O restante dos investimentos da área de gás e energia será usado em movimentação do gás produzido (US$ 2,3 bilhões), em projetos de regaseificação (US$ 1,9 bilhão) e na geração de energia elétrica (US$ 1,6 bilhão), entre outros.
Na expansão do parque de geração de energia termelétrica à base de gás, estão projetos como a Usina Baixada Fluminense, que entrará em operação no final de 2014.
Projetos
Aproximadamente US$ 31,2 bilhões serão investidos na ampliação do parque nacional de refino de petróleo no período de cinco anos. Do total, US$ 24,9 bilhões serão investidos em projetos que já estão em implementação. Entre os projetos em andamento estão as primeiras unidades da Refinaria do Nordeste, em Pernambuco e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que devem entrar em operação em 2014.
As duas refinarias ampliarão a capacidade de refino do país de 2 milhões para 2,4 milhões de barris de petróleo por dia. Os outros projetos, que ainda estão em avaliação, são a segunda unidade do Comperj e as refinarias Premium 1 e 2, que só devem ser concluídas depois de 2017. Elas devem ampliar a capacidade para 3,6 bilhões de barris por dia.
Construção de sondas
As 33 sondas que serão contratadas pela Petrobras a partir de 2016 serão construídas no Brasil e terão entre 55% e 65% de conteúdo local. “Essas sondas são importantes para nós a partir de 2016. Temos sete já contratadas. Teve um problema no EAS (Estaleiro Atlântico Sul). Eles tiveram problemas, mas está em vias de solução”, disse o diretor de Exploração e Produção da empresa, José Miranda Formigli. Segundo ele, a construção das sondas será acompanhada de perto por equipes da Petrobras.
Entre 2007 e 2012, haviam sido contratadas 35 sondas, todas construídas no exterior. Houve grande atraso nos projetos das últimas sondas previstas para ser entregues este ano. Somando-se o atraso referente às dez sondas entregues no ano passado, o total ficou em 542 dias.
Como todas elas foram construídas no exterior, Graça Foster, disse que a política de conteúdo local não teve nenhuma relação com o problema. “As sondas foram construídas no exterior. Isso pode ser explicado pelas demandas por bens e serviços aquecidas mundialmente.”