Para o economista Rodrigo Leão, do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP), a greve dos caminhoneiros que culminou com a demissão de Pedro Parente, nesta sexta-feira (1), é resultado dos efeitos deletérios da política que vem sendo implantada na Petrobras.
A falta de investimentos nas refinarias revela os impactos negativos dessa política. Segundo Leão, a Petrobras hoje subutiliza a sua capacidade de refinar. “A Petrobras poderia refinar 2,4 milhões de barris/dia. O Brasil consome isso hoje. Só que refina 1,6 milhão. Por que a Petrobras faz o sucateamento do refino e opta pelas importações? Essa é a questão central”, questiona.
De acordo com Leão, o preço do combustível no posto é composto por uma série de elementos, o único que teve um aumento alto foi o da refinaria. “O Ministério de Minas e Energia usa a seguinte distribuição: preço da refinaria – ou preço do produtor, que é um pedaço da refinaria mais um pedaço da importação –; os tributos, o custo de transporte, e as margens (da distribuição e da revenda)”, explica. “Outro preço que estamos apontando é o preço da refinaria: quanto sai o preço da refinaria para o posto. Esse é o preço que está aumentando e que é o grande causador desse aumento do preço no posto. Se a gente comparar outubro de 2017 para abril de 2018, o preço médio do diesel saltou de R$ 3,21 para R$ 3,48”, aponta.
Ainda conforme Leão, os outros componentes (margem da distribuição, margem da revenda, custo de transporte e os impostos) não variaram nesse período. “Tudo isso é alteração que tem a ver com o preço da refinaria e o preço da importação.”
Mudança na política da Petrobras
Rangel lembra que nos governos Lula e Dilma foi reativada a indústria naval, desenvolvida a capacidade de pesquisa e houve a descoberta do pré-sal, que abriu muitas oportunidades. Hoje, ele lamenta o desmonte da empresa e a sua opção de reduzir o refino. “As refinarias têm investimentos pífios.” Ele defende que para a empresa ser um motor de desenvolvimento nacional é preciso mudar a orientação política da empresa.
O INEEP é um instituto criado e mantido pelos petroleiros com o objetivo de fazer a discussão sobre o petróleo pelo viés nacionalista e soberano. Nasceu uma das greve mais fortes da categoria, em 2015, e homenageia Zé Eduardo Dutra – ex-senador e ex-presidente da Petrobras. “Foi escolhido para demonstrar como ações de cunho nacionalistas e que consideram a Petrobrás uma empresa do país, e não do mercado, culminam em resultados importantes para o país, como a reconstrução da indústria naval (que os golpistas querem destruir de novo); a descoberta do Pré-Sal e o crescimento da participação da Petrobras no PIB nacional, que saiu de 2 para 13% em 2013”, diz a FUP.