Em entrevista à TVT, Tadeu Porto ressalta necessidade de preservação dos empregos e lembra que estatal abriu mão de investimentos no setor de biocombustíveis para atender a interesses do mercado privado
[Da Rede Brasil Atual]
O Brasil e a Petrobras possuem capacidade de acelerar a transição energética para o uso de fontes limpas, como prevê o acordo firmado na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP26, em novembro. Ao mesmo tempo, também precisa pensar na manutenção de seus trabalhadores.
De acordo com o diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Tadeu Porto, a empresa poderia retomar uma política anterior, iniciada nos governos petistas, que buscava reduzir a emissão do carbono e trabalhar o biodiesel. Ao mesmo tempo, ele alerta que este processo precisar priorizar a manutenção dos empregos, o que passaria por treinamento e requalificação dos trabalhadores do setor.
“Precisamos pensar numa transição justa de empregos, pois temos muitas pessoas trabalhando na cadeia de petróleo e elas não podem ficar sem emprego se a indústria mudar suas características. A empresa está tendo lucros nunca vistos antes e, ao invés de só transferir esses recursos para os acionistas, deveria reverter em investimentos em uma política de descarbonização”, afirmou Porto, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.
Transição energética
A FUP publicou em outubro uma carta defendendo que a Petrobras priorize a transição energética, reforçando a necessidade de revitalização do programa de biocombustíveis. Segundo a entidade, na contramão de diversas outras grandes petroleiras no mundo, a estatal está abandonando todos os seus projetos de investimentos em fontes renováveis de energia, vendendo usinas eólicas e sua produtora de biodiesel.
De acordo com o dirigente sindical, a empresa abrir mão de setores estratégicos é uma linha adotada desde o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016, quando a agenda do petróleo nacional se voltou para o mercado privado. “As grandes empresas de petróleo estão mudando a matriz energética. Quando Temer assume, o primeiro projeto que ele aprova é a retirada da Petrobras como única exploradora do pré-sal”, lembrou.