Procurei a Petrobras, que não divulgou dados sobre a contaminação de trabalhadores em suas refinarias. A estatal informou que, até a última segunda-feira passada, 5 de abril, tinha 316 empregados de todas as áreas infectados em acompanhamento.

O Ministério de Minas e Energia, por sua vez, tem dados mais detalhados e mais preocupantes. Segundo o órgão, no dia 5, a Petrobras tinha 339 empregados contaminados e em quarentena. Tinha ainda outros 47 funcionários hospitalizados.

De acordo com o ministério, mais de 6 mil empregados da Petrobras já foram contaminados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. A empresa tem mais de 46 mil empregados. Isso quer dizer que 13% dos trabalhadores da empresa já contraíram covid-19.

A taxa de contaminação é praticamente o dobro daquela da população total do país. O Brasil tem cerca de 211 milhões de habitantes e mais de 13 milhões de infectados. Ou seja, cerca de 6% do total. Em outubro do ano passado, aliás, a Fiocruz já havia divulgado um estudo apontando a discrepância entre a taxa de infectados no país e na Petrobras.

A estatal informou que segue todos os protocolos de saúde para evitar a transmissão do novo coronavírus, inclusive nas paradas de manutenção de suas refinarias, como utilização de máscaras, fornecimento de álcool em gel e medição diária da temperatura dos trabalhadores. “Além disso, são realizados testes rápidos em 100% dos candidatos apresentados pelas contratadas antes de ingressarem na refinaria que são repetidos a cada 14 dias em todo contingente, promovendo o afastamento quando necessário”, completou a companhia.

Segundo a Petrobras, a manutenção das refinarias é “rotina obrigatória para garantia da segurança nas operações”. A estatal disse que chegou a adiar algumas paradas por conta da pandemia. “No entanto, por questões de segurança e confiabilidade operacional das instalações, não é possível realizar adiamentos indiscriminados”.

A companhia não detalhou o contingente de funcionários temporários contratados para a manutenção de cada uma de suas refinarias durante a pandemia. Explicou que as paradas na Repar, Reduc e Regap estavam inicialmente programadas para 2020, foram adiadas para 2021 e ainda tiveram seu cronograma adaptado.

A estatal ainda ressaltou que é responsável por prover serviços essenciais, como o fornecimento de combustíveis e energia que abastecem ambulâncias, hospitais e veículos de carga e transporte. Destacou que esses serviços “são indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis à sociedade brasileira”.