Petrobrás: o que está em jogo é a corrupção?

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Por Cibele Vieira, petroleira e coordenadora geral do Sindipetro Unificado do Estado de São Paulo

Por mais que sempre ouçamos falar que o petróleo mundial vai acabar, a verdade é que, desde 2008, com a crise do capitalismo, vemos a demanda caindo ao mesmo tempo em que a oferta tem aumentado.

Houve novas descobertas como o pré-sal (Brasil e Argélia), o petróleo não convencional Xisto (EUA) e Areia Betuminosa (Canadá), assim como um aumento da produção nos países da OPEP devido a uma maior estabilidade política depois da “Primavera Árabe”. (Vale ressaltar que estudos apontam a inviabilidade da exploração do Xisto em longo prazo).

O que estamos vendo no mercado mundial de petróleo nada mais é do que a lógica de Dumping: abaixa-se o preço para eliminar concorrentes e depois ter um maior controle sobre os preços. O valor do barril que chegou a ser mais do que U$120 agora está U$66.

Apesar do raciocínio ser esse, não é fácil sua caracterização porque a derrubada dos preços não necessariamente são abaixo do custo de extração que assim como a dependência da economia dos países produtores de petróleo variam.  Sendo assim, países como Arábia Saudita e Estados Unidos podem trabalhar com um preço inferior do que Rússia e Venezuela, por exemplo.

O preço de exploração divulgado pela Petrobrás é de U$14 (sem participações governamentais) e estima-se U$50 somando tudo, inclusive os investimentos para a descoberta. Portanto, a exploração, mesmo com a queda dos preços, continua viável. Porém os investimentos de U$141 milhões por dia e o conteúdo nacional, nem tanto. Os investimentos que planejam colocar o Brasil como quarto ou quinto maior produtor mundial de petróleo.

É nesse contexto, de luta pelo controle do preço mundial, que se situam os ataques à Petrobrás, camuflados de combate a corrupção. Denunciamos no ano passado a espionagem americana no Brasil e no México (não à toa, houve a quebra do monopólio mexicano de petróleo).

Se as empresas estrangeiras não certificarem o balanço da Petrobrás, esta não poderá mais negociar ações e terá muitas dificuldades para financiamentos. No ano que vem já estão previstos dois leilões de petróleo no Brasil, dos quais estão fazendo de tudo para que a Petrobrás sequer possa participar. O jornal “O Globo” já questiona abertamente a lei de partilha que garante a participação e controle da Petrobrás no pré-sal.

Se não conseguiram vencer as eleições, não conseguiram entregar de vez o nosso petróleo para o EUA, vão tentar inviabilizar a Petrobrás tanto nos investimentos quanto em conseguir novas reservas de petróleo. Se o mercado quer nos estrangular será que não é a hora de fazer o inverso e tornar a Petrobrás 100% pública?!