A Petrobrás anunciou na segunda-feira (18/06) o resultado da primeira fase do MOBILIZA FAFEN, plano de transferência de empregados das fábricas de fertilizantes nitrogenados da Bahia e de Sergipe, que a empresa quer fechar.
Foram 510 inscritos nos dois estados, sendo que, na Bahia, 95% do efetivo da fábrica se inscreveu no sistema. Dezesseis trabalhadores (6,7%) não foram aprovados em nenhuma das oportunidades inscritas e 12 pessoas (5%) não se inscreveram.
O resultado do MOBILIZA aponta que 96 trabalhadores serão transferidos para refinarias. A REVAP, por exemplo, em São José dos Campos (SP), receberá 30 empregados.
A Unidade de Tratamento de Gás (UTG) de Itaboraí (RJ) concentrará o maior número de transferidos: 74 trabalhadores comporão a unidade Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.
Essa é mais uma etapa do desmonte promovido pela atual gestão da Petrobrás, que está também finalizando a venda das fábricas de fertilizantes nitrogenados de Araucária (PR) e do Mato Grosso do Sul.
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A FAFEN-BA PÓS-HIBERNAÇÃO
Pelo processo apresentado, a FAFEN-BA ficará com efetivo de 53 empregados: 38 na operação, 5 na Inspeção de Segurança Interna, 5 na Segurança industrial, 3 na manutenção, 1 no RH e 1 no ESTO.
O MOBILIZA não selecionou nenhum mecânico nem inspetor de equipamentos.
Pelos nomes apresentados é provável que Jamilton Pimentel (ESTO) assuma a gerencia geral da Hibernação, o Rui Costa responda pelo RH e Elencar ou Carlos Alberto administre a operação da Transferência, Estocagem e Utilidades.
Será 1 Técnico de Segurança e 1 Inspetor de Segurança Interna por turno de trabalho sem excedente para férias e afastamentos, o que trará riscos à operação futura da FAFEN-BA. A fábrica tem 7 portões de acesso. No passado havia na FAFEN-BA um contingente de 5 inspetores de segurança por turno e mesmo assim ocorreram diversas intrusões na unidade tanto na área de suprimentos, informática, ADM2, etc.. Com efetivo de um inspetor apenas, tanto ele como os outros trabalhadores estarão em risco diário numa unidade do tamanho da FAFEN-BA desertificada pela hibernação.
É preciso lembrar que nos últimos 8 meses vários assaltos ocorreram nas unidades de perfuração na Bahia por falta de segurança, inclusive latrocínio. É preciso que o coordenador de segurança da FAFEN-BA saia do escritório e explique aos trabalhadores como pretende resolver esse problema.
É possível notar na lista apresentada pela Petrobras que não haverá Inspetor de Equipamentos. Isso desmente a alegação da Petrobras de que as plantas seriam hibernadas podendo voltar a operar quando necessário. Sem o cumprimento do plano de inspeção não há garantias de integridade dos equipamentos.
INVIABILIDADE DO TMA – TERMINAL MARÍTIMO DE AMONIA
Em situação mais grave ficou o Terminal de Amonia no Porto de Aratu. Dos 10 operadores, 6 serão transferidos e não é possível operar o terminal com 4 operadores. Isso impede a continuidade operacional do terminal, que segundo a Petrobras seria responsável pela manutenção do fornecimento de amonia para o Polo Petroquímico de Camaçari.
Pra piorar, 2 dos 4 operadores estão aposentados, podendo sair a qualquer momento, e 1 possui restrição médica.
Outro problema não apreciado pela decisão da companhia diz respeito à conformidade legal. A COMPORTOS e a Polícia Federal determinaram que os terminais de amonia e ureia no porto instalassem e mantivessem um sistema de monitoramento por CFTV nos limites dos respectivos terminais. O monitoramento é feito pelo Inspetor de Segurança Interno, mas com a redução do efetivo para um inspetor apenas, não haverá monitoramento do CFTV, implicando no descumprimento do ISPS CODE, norma básica de segurança nos portos.
Com essas iniciativas a Petrobras deixa escapar que não cumprirá o acordo com os comsumidores de amonia, ou seja, não se responsabilizará pela importação do produto como havia prometido nas cartas entregues às empresas do Polo Petroquímico.
APOSENTADOS, RESTRITOS E ESTRANHOS
Interessante notar que a lista de classificados para a FAFEN-BA conta com 20 aposentados, o que representa 38% de todo o efetivo pós-hibernação. Para piorar 7 trabalhadores classificados (13%) tem restrição médica.
Isso significa que em breve a FAFEN-BA não poderá continuar a operação de fornecimento de amonia ao Polo, por falta de efetivo operacional.
Além disso, 27 trabalhadores selecionados não conhece a unidade que ficará operando (A200).
Para as subestações de energia da FAFEN-BA, apenas 2 selecionados no MOBILIZA operam esse crítico setor.
É impossível operar a unidade remanescente nestas condições.
[Com informações do Sindipetro-BA]