Petrobrás esconde a verdade sobre tratamento de efluentes na Replan

A Petrobrás enviou aos trabalhadores da Replan, na terça-feira (23), uma nota de esclarecimento sobre a matéria “Unificado denuncia Refinaria por risco de contaminação de fenol no Rio Atibaia”, publicada na edição nº 1027 do Jornal dos Petroleir@s. A empresa se utiliza de argumentos equivocados para tentar descontruir as afirmações do Sindicato e age de forma dissimulada ao dizer que “todo efluente da refinaria é tratado”, quando, na verdade, as águas contaminadas não estão passando pelo processo de tratamento, como exige a legislação ambiental. 

A companhia justifica que todo efluente da refinaria passa pela Unidade de Tratamento de Despejos Industriais (UTDI). “Este tratamento consiste de um sistema de águas contaminadas e um sistema de águas oleosas. Os efluentes tratados por meio desses dois sistemas se juntam, tendo como destino a lagoa de estabilização e sequencialmente o Rio Atibaia”, diz a nota. 

A informação, entretanto, não é verdadeira. Hoje, o sistema de águas contaminadas da Replan pula a etapa dos processos de separação de água e óleo e também o biológico (lodo ativado), indo direto para a fase final de estabilização. “As águas contaminadas não estão passando por tratamento algum. As instruções atuais fazem com que a corrente de salmoura seja enviada para o sistema de águas contaminadas na ordem de TQ4116/17 = 175m³ e TQ4112/14 = 350m³ por dia”, explica o diretor do Unificado Júlio Cesar Ferreira. Portanto, um volume considerável é lançado diariamente na lagoa de estabilização da Replan, que é o último ponto antes do Rio Atibaia.

A nota informa ainda “que o efluente líquido enviado ao Rio Atibaia é constantemente monitorado e atende plenamente aos parâmetros da Legislação Ambiental”, mas ignora que a Petrobrás sempre pregou uma política de SMS com o menor impacto possível ao meio ambiente, operando bem abaixo dos limites da legislação. “A empresa, hoje, olha apenas para o limite máximo e tem aumentado, consideravelmente, o volume de anos atrás”, destacou o dirigente.

Na tentativa de esclarecimento, a Petrobrás diz que a gerência de Otimização “orienta a operação sobre como otimizar o sistema de forma a permitir o tratamento de todo o volume, de forma a atender a Legislação Ambiental”. Para os trabalhadores, essa otimização é aplicada no sentido de orientar o volume que não precisa ser tratado, já que a UTDI tem diversos problemas de manutenção e sucateamento de equipamentos e não suporta toda a carga de efluentes gerada pela refinaria. “O que eles chamam de otimização é, na verdade, um ‘jeitinho’ de não colocar a unidade para operar com a vazão necessária para comportar toda a refinaria e, por isso, usam o recurso de by passar o tratamento”, argumentou Júlio Cesar.

Com relação à afirmação da Petrobrás de que “O envio de salmoura ao sistema de águas contaminadas é uma das alternativas de tratamento validada e procedimentada”, o Sindicato garante que “não foi encontrado esse procedimento”. 

A empresa diz ainda que “Todo o efluente da refinaria, incluindo a salmoura, é tratado na Unidade de Tratamento de Despejos Industriais (UTDI). Dessa forma, a refinaria reafirma que todo o efluente lançado no Rio Atibaia é tratado e atende os parâmetros definidos pelo Órgão Ambiental”.

Como já foi citado anteriormente, não é verdade que todo o sistema esteja passando pelo tratamento. Parte da salmoura entra diretamente na lagoa de estabilização, que é a etapa final do processo, onde é feita a diluição do efluente contaminado. A refinaria utiliza-se desse processo de diluição para alcançar os parâmetros necessários, o que não a exime de descumprir a lei e degradar o meio ambiente, ameaçando a preservação do Rio Atibaia. 

 

Via Sindipetro Unificado de SP