Por Cibele Vieira, petroleira e coordenadora do Sindipetro Unificado do Estado de São Paulo
Nessa época de final e início de ano, somos obrigados, por bem ou por mal, a termos um convívio familiar maior. É quase unanimidade os relatos do “sofrimento” dos militantes de esquerda nesses momentos. Porém, ouvir pessoas que não são do “nosso meio” é necessário. Gostaria de compartilhar um pouco de uma conversa que tive com uma prima na véspera do Natal:
Falamos rapidamente sobre a Petrobrás. Eu relatava sobre como agora já estava escancarado o interesse em tirar a Petrobrás do Pré-Sal para entregá-lo de vez às empresas estrangeiras, e que muitos ainda confundem nossa defesa, com a defesa da corrupção. Que de fato, ninguém colocou uma arma na cabeça de ninguém e os obrigou a roubarem a Petrobrás. Porém, não era coincidência que isso tudo estava vindo à tona no ano de eleição. Tampouco, que agora, a mesma empresa que aprovou o balanço do primeiro e segundo trimestres, está ameaçando não aprovar o balanço da Petrobrás do terceiro trimestre, bem quando o barril do petróleo despencou mundialmente.
Ela ouviu atenciosamente e concordou com as colocações. Porém me fez uma provocação:
– A pedofilia existe, e é errado, mas existe. Mas não é muito pior quando é praticada por um padre?
Eu entendi o recado e comentei:
– A Petrobrás é orgulho nacional. É o maior exemplo brasileiro de grande sucesso, nossa vitrine… Isso não poderia estar acontecendo dentro dela, não é?
Ela sacudiu a cabeça concordando, com uma cara de “pois é”. Só complementei dizendo, que de fato, o vacilo de alguns, deu brecha para utilizarem disso e fragilizar a imagem da empresa e dos petroleiros como um todo.
Essa pequena conversa me remeteu a uma coisa que sempre falamos: a Petrobrás é do povo brasileiro. Não é de nenhum partido, nem só dos petroleiros. Só que às vezes não medimos o impacto disso.
Me arrisco a dizer que além do samba e futebol, a Petrobrás faz parte da identidade nacional, depois da caipirinha é claro… Além de representar 20% de todos os investimentos no Brasil e 13% do nosso PIB, essa empresa é um símbolo. Se recuarmos na partilha ou em termos a Petrobrás como operadora do Pré-Sal, tenham certeza que será uma grande alavancada do neoliberalismo na economia e da saída do Estado para fortalecer a “mão invisível” do mercado em tudo.
Em 2015, completa-se 20 anos da greve de 1995, que é considerada um marco na história brasileira. Mais uma vez estamos no olho do furacão. Assim como aquela greve foi um marco pelo simbolismo que teve, em 2015 a trincheira está preparada novamente.
E a primeira batalha será na Bahia no dia 09 de janeiro. Contamos com vocês lá! A concentração será no Parque da Cidade, em Salvador.