Nunca aconteceu no Sistema Petrobrás o que está acontecendo agora – nem na ditadura militar. A pressão, o assédio moral e a postura antissindical da empresa estão ultrapassando todos os limites. Para aprovar a sua proposta de acordo coletivo, com retirada de direitos, a atual gestão da Petrobrás resolveu intensificar a pressão sobre os gerentes supervisores e o pessoal de nível superior, colocando em cheque a dignidade e o caráter dessas pessoas.
Com ameaças, já concretizadas em algumas bases, muitos gerentes e supervisores estão sendo forçados a comparecer às assembleias, convocadas pelos Sindipetros, para votarem a favor da proposta da empresa e, com as suas presenças, intimidarem os seus subordinados diretos a fazerem o mesmo.
Nessa situação, chamamos essas pessoas à reflexão. Há dinheiro que pague a dignidade do ser humano? Vale à pena mudar sua opinião, votando em uma proposta que prejudica, não só a você, como toda a categoria? Para ter um cargo mais alto na hierarquia, em alguns casos, o trabalhador tem um acréscimo de cerca de R$1.500 a R$2.000 em seu salário. No caso do supervisor, o adicional no salário varia entre R$800 e R$1.500. Esse dinheiro ou qualquer outro, vale para que ele se submeta a esse papel?
A ética escorreu pelo ralo
Tem um velho ditado popular, direcionado aos maus políticos e às pessoas sem caráter que diz “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Esse ditado vem sendo adotado, largamente, pela atual gestão da Petrobrás e pelo governo federal.
Na teoria há o discurso moralista, do combate à corrupção, do cuidado com o dinheiro público, da ética. Na prática funciona tudo ao contrário. Que empresa é essa que diz ter e seguir um código de ética, que diz ter transparência, governança, que diz estar preocupada com diretrizes avalizadas no mundo do trabalho e que ao mesmo tempo pressiona um segmento dos trabalhadores para aceitar uma proposta que vai de encontro aos interesses desses próprios trabalhadores? Que código de ética é esse?
Hoje a Petrobrás ameaça para que os gerentes e supervisores votem a favor de uma proposta de interesse da empresa. Se concordarem, amanhã, poderão estar sendo coagidos a tomarem atitudes que vão de encontro às normas e procedimentos legais do trabalho operacional.
Hoje a direção da Petrobrás usa você – supervisor e gerente – amanhã vai lhe descartar. No processo de privatização, já colocado em prática pela empresa, muitos desses gerentes e superviosres não serão preservados. Ou vão passar por situações como a que já está acontecendo na UO-BA, onde todos os supervisores que atuavam no regime especial de sobreaviso estão sendo colocados no regime administrativo, sendo prejudicados financeiramente e nos seus projetos pessoais, pois muitos aproveitavam o regime especial para estudar. Em nenhum momento foi levado em consideração as particularidades dessas pessoas.
Portanto, vote naquilo que acredita, naquilo que é bom para todos. Não se submeta à truculência e assédio da atual gestão da Petrobrás. Se abrir mão disso, a sua dignidade vai pelo ralo junto com a ética da empresa.
Via Sindipetro Bahia