Sob a gestão predatória de Castello Branco, a Petrobrás está se transformando eminentemente em uma exportadora do petróleo de altíssima qualidade produzido no pré-sal. A empresa já exporta metade da sua produção diária, cerca de um milhão de barris de petróleo, enquanto o povo brasileiro é obrigado a consumir derivados importados. Não é de hoje que a FUP e seus sindicatos denunciam os riscos desta equação, cujo resultado tem sido sempre desfavorável para o consumidor. Além de pagar preços internacionais nas bombas de gasolina e diesel, ele é também enganado com combustível adulterado, como aconteceu agora com a gasolina de aviação importada pela gestão bolsonarista da Petrobras.
A Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves (Aopa) levantou a suspeita sobre a qualidade do produto, ao denunciar os danos causados nos tanques de combustível, como corrosões e derretimento de peças. Os problemas, segundo os pilotos, vêm ocorrendo desde junho, com consequências graves para a segurança dos voos, o que levou a entidade a suspeitar da qualidade do combustível, que deixou de ser produzido pela Petrobrás e hoje é 100% importado.
A única refinaria que fornecia gasolina de aviação para o país é a RPBC, em Cubatão (SP), cuja produção foi interrompida pela Petrobrás devido às obras na unidade. O combustível é usado no abastecimento de cerca de 12 mil aviões de pequeno porte, a maioria deles taxi aéreos e aeronaves privadas. No final de semana, a empresa interrompeu o fornecimento da gasolina importada, o que causou a suspensão de voos em 19 aeroportos.
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estão investigando o caso. A aviação comercial não foi afetada pelo desabastecimento, pois as aeronaves de médio e grande portes utilizam combustível diferente, o querosene de aviação.
Para o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, o fato é grave e deve servir de alerta para todos os brasileiros. “A decisão deliberada da gestão da Petrobrás de reduzir a produção das refinarias, priorizando a exportação de óleo cru, em detrimento do mercado nacional, deixou o Brasil refém das importações de derivados. O risco de crises internacionais e desabastecimento que nós prevíamos já estão acontecendo. Hoje o problema é com a gasolina de aviação, amanhã pode ser com a gasolina comum e o diesel”, alerta Deyvid, ressaltando que a situação pode piorar, se as refinarias da Petrobrás forem privatizadas, como quer o presidente da empresa.
[FUP, com informações da AOPA | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil]