A Petrobrás anunciou que vai reduzir nove postos de trabalho por turno na Replan. A decisão foi tomada de forma unilateral, sem consultar trabalhadores e Sindicato. O Unificado não concorda com a fórmula utilizada pela empresa e cobra a abertura de um processo de negociação sobre o efetivo mínimo.
O estudo de organização e a metodologia aplicada para dimensionar o número de técnicos de operação que a Petrobrás considera adequado para cada setor foram apresentados à direção sindical no último dia 06. No mesmo dia, a empresa iniciou a apresentação do material para os grupos de turno e a gerência garantiu que o corte de efetivo será implementado em breve.
Os dirigentes rejeitaram os valores e o método utilizado por divergirem dos números atuais e por não considerarem, em sua sistemática, a opinião dos trabalhadores. “Há cinco anos a Petrobrás não cumpre a NR20 e faz mais de um ano que estamos cobrando da empresa que nos apresente um documento oficial de atendimentos às normas”, afirmou o diretor do Sindicato, Gilberto Soares, o Giba.
Os diretores tiveram acesso à apresentação, mas não puderam ficar com uma cópia do material. A empresa só permitiu acesso para visualização dos documentos. Por outro lado, eles conseguiram fechar com a empresa o acordo de uma nova reunião com o Sindicato antes de uma eventual implementação do estudo.
Refinaria barra entrada de diretores do Sindicato
Os dirigentes do Unificado foram impedidos de entrar na refinaria na quarta-feira (07), um dia após a reunião com a Petrobrás, na qual foi apresentado à direção sindical o estudo de organização e métodos de trabalho da Replan. Os crachás dos diretores foram bloqueados na catraca de acesso.
A gerência da Replan informou que o acesso do Sindicato só não seria permitido nas áreas de produção. Ocorre que os diretores foram à refinaria justamente para conversar com os trabalhadores do turno sobre a questão do efetivo e as mudanças que a Petrobrás pretende implantar nos próximos dias.
A empresa barrou a entrada dos dirigentes, alegando que iria apresentar os resultados do estudo aos técnicos de operação e não queria a presença do Sindicato nas áreas de produção.
“A empresa está com medo da disputa e nós temos que manter a resistência. Por isso, questionem toda e qualquer apresentação. A Petrobrás ainda não abriu um processo de negociação com o Sindicato. Só disseram que vão voltar a conversar com a gente, mais nada”, declarou o diretor do Unificado Itamar Sanches.
Segundo ele, o momento é delicado e a luta e organização são necessárias. “Só assim seremos capazes de manter o que temos hoje, que é a manutenção do número mínimo, principalmente para a segurança do trabalhador dentro da refinaria e da comunidade”, destacou.
Unificado toma medidas para tentar ampliar discussão sobre efetivo
A direção do Unificado está tomando todas as medidas cabíveis, inclusive junto aos trabalhadores, para tentar convencer a Petrobrás a abrir um processo mais amplo e profundo de discussão sobre o efetivo mínimo da Replan.
Na terça-feira (06), após reunião com a empresa, o Sindicato enviou um ofício para o gerente geral da refinaria, destacando que os dirigentes e os trabalhadores discordam dos valores apresentados e da metodologia adotada e solicitando uma cópia, na íntegra, do estudo e suas conclusões.
Os dirigentes vêm conversando diariamente com os grupos de turno, explicando a situação. Na sexta-feira (09), o Sindicato iniciou a coleta de assinaturas dos trabalhadores da refinaria para abaixo-assinado, solicitando à empresa que disponibilize cópia do estudo.
Trabalhadores da TE avisam que não aceitam corte de operador
O anúncio no corte do efetivo da Replan gerou bastante preocupação e deixou muitos trabalhadores indignados. O pessoal do setor de Transferência e Estocagem já avisou que não concorda com a retirada do operador da Emed. “Toda área hoje está comprometida por um sistema elétrico falido pela idade – tem mais de 40 anos – e sem reformas de subestações elétricas, que foram somente atualizadas parcialmente”, afirmam os trabalhadores.
Eles argumentam também que foram feitos diversos arranjos no setor para adaptar os painéis antigos aos novos, mas boa parte do sistema (75%) continua sendo operada manualmente. Há uma série de procedimentos da área que não funciona a contento, sendo necessária a atuação direta do operador.
A automatização da Emed, segundo os operadores, ficou só na promessa. Com isso, a interferência da mão de obra humana nos procedimentos é necessária e essencial. “Ligar e desligar bombas são simples fases do processo. O problema é a abertura de válvulas e a regulagem ideal das controladoras de volume e medidores”.
Os trabalhadores lembram ainda que o preenchimento dos relatórios é feito manualmente e que o operador do diesel no painel terá dois problemas caso as produções de diesel e gasolina fiquem concentradas em um sistema que ainda não apresenta confiabilidade. “Queremos saber como isso foi dimensionado e quem garantirá a segurança do sistema, já que parte da operação terá que ser feita pelo dutoman e outra pelo operador de diesel”, questionam.
Fonte: Sindipetro Unificado-SP