A gestão da Petrobrás quer enfiar goela abaixo do trabalhador um Acordo Coletivo que vai contra os interesses da categoria e ao encontro do projeto de privatização do governo Bolsonaro e Castello Branco. A desculpa é “a necessidade de diminuir despesas”.
A nova contraproposta apresentada corta direitos, reduz o valor das horas extras e não cobre sequer a inflação do período. Além disso, a empresa quer impor o fim da negociação com as representações sindicais, ameaçando os trabalhadores. “Caso o acordo não seja assinado até o dia 31/08, iniciaremos um processo de transição de algumas práticas atuais para aquilo que estabelece a CLT”, afirmam os gestores, em documento disponível no Portal Petrobrás.
O assédio aos petroleiros vai além. Sob ameaça de perda de funções gratificadas e cargos de confiança, supervisores, coordenadores e gerentes estão sendo forçados a comparecer às assembleias para votar a favor da proposta da empresa, intimidando os trabalhadores para que façam o mesmo.
Além de afrontar a categoria, essa postura antissindical e vergonhosa revela o quanto a direção da Petrobrás quer subjugar os petroleiros com um Acordo Coletivo rebaixado.
É uma mentira dizer que o ACT precisa ser assinado até o dia 31, quando a empresa tem o poder de prorrogá-lo por quanto tempo for necessário, até que se chegue a um acordo, como sempre aconteceu no Sistema Petrobrás.
As negociações na BR Distribuidora, Eletrobrás e no Correios, que estão em curso, provam isso.
As representações sindicais dos petroleiros também querem exercer o direito legítimo de negociação com a Petrobrás, buscando o atendimento da pauta da categoria, que nada mais é do que a preservação de direitos, manutenção dos empregos e um reajuste salarial digno.
A atual gestão, no entanto, insiste no confronto, impondo o fim das negociações para intimidar os trabalhadores e medir força com os sindicatos. Alega que precisa rebaixar o ACT para reduzir a dívida da empresa. Argumento fajuto que não convence ninguém.
Desde as negociações da Pauta pelo Brasil, em 2015, a FUP vem afirmando que a dívida da Petrobrás é consequência de escolhas e resultados. Não é esse o problema central da empresa.
Não é cortando ainda mais os gastos com pessoal, que a Petrobrás reduzirá sua dívida. Se os gestores reajustarem os salários dos trabalhadores em 4%, isso significará 0,08% da dívida.
Nos últimos quatro anos, a empresa já economizou bilhões às custas dos trabalhadores, impondo PIDVs, reduzindo o número mínimo de trabalhadores nas unidades operacionais, implantando o teletrabalho, reduzindo salários e jornadas…
E adivinhem quem se deu bem com isso? Os mesmos que embolsaram polpudas remunerações variáveis e que agora pressionam os trabalhadores para que aceitem um Acordo rebaixado.
Só com união e participação de todos nas assembleias é que vamos conseguir manter um Acordo Coletivo digno e garantir a existência da Petrobrás como empresa pública.
[FUP]