Organizadas pela Central de Movimentos Populares, marchas serão realizadas em 13 bairros da cidade de São Paulo, a partir das 15h desta terça, denunciando que a tragédia social no Brasil “é uma escolha política de Bolsonaro”
[Da Rede Brasil Atual]
Para fechar um ano também marcado por uma série de protestos de rua denunciando a tragédia social que assola o país, a Central dos Movimentos Populares (CMP) prepara uma série de atos por emprego, contra a carestia e a fome que vão movimentar o estado de São Paulo nesta terça-feira (21). Em formato de marchas, o movimento protestará em 12 bairros da periferia de São Paulo. Também haverá um ato na região central da cidade e outro em São José dos Campos, no interior, todos a partir das 15h de amanhã.
De acordo com o coordenador da CMP e da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim, essa é a contribuição das entidades que ao longo do ano também foram responsáveis pelos atos contra o governo de Jair Bolsonaro. A ideia do protesto, que fecha o ano, é também “aumentar a esperança de melhores conquistas e vitórias para o povo brasileiro em 2022”, destaca em entrevista a Marilu Cabañas, do Jornal Brasil Atual.
Foi mais um mês de reunião da central com os grupos da periferia para realização desses protestos. A ideia da marcha retoma o movimento contra a carestia do final dos anos 1970 e início dos anos 1980. À época também eclodiu no país o desemprego, o aumento do custo de vida em decorrência da alta inflação e a fome. Agora, “em que as condições do povo são até piores do que aquelas de 40 anos atrás”, o movimento se prepara para sair em marcha com panelas vazias, faixas e ossos para denunciar “as verdadeiras causas da fome”.
Fome, uma escolha política
“Porque nesse Natal e Ano Novo, os grandes meios de comunicação, a imprensa ‘chapa branca’, fica mostrando cena de crianças e mulheres passando fome, chorando. Mas ela não discute o porquê do povo passar fome. Então, a ideia desse movimento, que estamos chamando de marcha por emprego, contra a carestia e a fome é para chamar atenção a esse enorme problema que atinge milhões de pessoas sobretudo nas periferias, as mulheres e o povo negro. E contar as verdadeiras causas que são a concentração de renda, de poder, o sistema capitalista em que uns lucram e outros não têm condições sequer de se alimentar”, contesta Bonfim.
O coordenador da CMP completa que essa tragédia social é também “resultado de escolhas políticas”. “É o preço do botijão de gás, da tarifa de energia, do arroz, feijão e do óleo. As pessoas estão consumindo menos carne e mais ovos e quando podem, porque voltaram a consumir carcaça, pé de galinha. Onde já se viu isso em um país que já tinha saído do Mapa da Fome?” questiona. “Por isso que digo que a fome, o desemprego e a miséria são resultado de escolhas políticas. O governo federal acabou com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar. Ele acabou com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) que regulava os preços. Não há apoio à agricultura familiar. O apoio é só para o agronegócio, para o veneno. As comidas que chegam nas mesas são caríssimas e envenenadas”.
A periferia como centro
A proposta de descentralizar os protestos parte também da experiência da Marcha da Panela Vazia, na favela do Heliópolis, na zona sul de São Paulo. Realizado em 24 de novembro, o ato mobilizou mais de mil pessoas e reforçou a importância dos atos na periferia. Para esta terça, um novo ato está confirmado no bairro, assim como São Mateus, Capão Redondo, Tucuruvi, entre outros. Ao final da marcha, também será lida uma carta aberta à população que passará pela denúncia de vários aspectos envolvendo a fome.
“Por isso que é importante fazermos esse movimento. Nós promovemos ações de solidariedade, a Central dos Movimentos Populares arrecadou e distribuiu quase 500 mil cestas. Agora mesmo nesta semana na cidade de São Paulo estamos distribuindo 500 cestas para comunidades. Porém isso não resolve o problema do povo. (… ) essa situação nos indigna e nós amanhã, a partir das 15h, simultaneamente, estaremos fazendo essas 14 marchas por emprego, contra a carestia e a fome em São Paulo. Que oxalá possamos iniciar a retomada de um grande movimento a partir das periferias, de uma reconexão com o povo, com os territórios que tanto a esquerda partidária social tem reclamado”, comenta Raimundo.