“Não haverá indicações políticas na Petrobrás”. O presidente interino da Petrobrás, Pedro Parente, mentiu para os trabalhadores e para a sociedade ao fazer essa declaração no dia 19 de maio em entrevista coletiva, logo após ter sido indicado para a empresa. Sua afirmação foi repercutida com estardalhaço pela imprensa e elogiada pelo mercado.
Agora não há mais dúvidas de que Pedro Parente mentiu quando afirmou que não haveria mais indicações políticas na Petrobrás. Na quarta-feira, 29, o Conselho de Administração da empresa aprovou a criação da Diretoria de Estratégia para abrigar Nélson Silva, apadrinhado do presidente interino, que, no dia 06 de junho já havia lhe agraciado com o cargo de consultor sênior de estratégia, criado especialmente para ele.
Os conselheiros e diretores que aprovaram sem pestanejar tal medida são os mesmos que até alguns meses atrás vinham defendendo a “disciplina de capital” a ferro e fogo, impondo aos trabalhadores drásticos cortes de custos e o esquartejamento da Petrobrás. Durante meses, o Conselho de Administração discutiu a reestruturação da empresa e, em momento algum, foi sequer ventilada a ideia de uma diretoria de estratégia.
A representação dos trabalhadores, através de Deyvid Bacelar, chegou a propor que a gerência executiva de SMS, que já tem toda uma estrutura montada, passasse a atuar como diretoria, para que dessa forma pudesse haver autonomia na implementação de uma nova política de segurança. Nem isso foi aprovado, sob a alegação de que iria onerar as contas da empresa.
Agora, de uma tacada só, o CA aprova a criação de uma nova diretoria com o propósito mais do que evidente de empoderar o escudeiro de Pedro Parente, dando-lhe total autonomia para cumprir os compromissos que Temer assumiu com os financiadores do golpe: entregar o Pré-Sal às multinacionais, tirando a Petrobrás da função estratégica de operadora única, e doar ao mercado os ativos da companhia.
Nelson Silva, que já vinha executando a toque de caixa a venda de ativos, terá agora à sua disposição uma estrutura completa para tentar acelerar o desmonte da maior empresa do país. Experiência é o que não lhe falta. Por onde passou, deixou sua marca registrada: reestruturações e privatizações. Fez isso na Vale do Rio Doce, na Comgás e na BP, onde foi um dos articuladores da fusão com a Shell, que passou a deter participações estratégicas nos principais campos do Pré-Sal, tornando-se, assim, a maior concorrente da Petrobrás.
E, sem a menor dificuldade, o interino Pedro Parente colocou a raposa para tomar conta do galinheiro. Tudo com a conivência do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva, que já vinham atuando a serviço do mercado. Agora contam também com uma ajudinha extra da conselheira eleita que ocupou a vaga dos trabalhadores, com o apoio das gerências.
Se não houver reação à altura dos trabalhadores e dos setores da sociedade organizada que defendem a soberania nacional, eles vão aniquilar os maiores patrimônios desse país que são o Pré-Sal e a Petrobrás. Essa é a luta que está posta para os petroleiros. E não é de hoje.
Federação Única dos Petroleiros
Rio de Janeiro, 30 de junho de 2016