A importância estratégica da subsidiária para o país não pode continuar refém de resistências de gestores, cuja mentalidade é de gerar lucro a curto prazo para os acionistas. Trabalhadores querem ações concretas para retomar a PBio
[Da imprensa da FUP]
Dirigentes da FUP e dos Sindipetros Minas Gerais, Bahia e Ceará participaram na segunda-feira, 19, de mais uma rodada de negociação com a gestão da Petrobrás Biocombustível (PBio) para discutir o futuro da empresa e as reivindicações dos trabalhadores.
Foi a segunda da série de reuniões mensais que serão realizadas nesse primeiro semestre com a subsidiária, conforme conquista da FUP na campanha reivindicatória do ano passado.
O encontro contou com a presença do presidente da PBio, Danilo Siqueira Campos, de um representante da Diretoria de Transição Energética da Petrobrás e técnicos do Dieese e do INEEP, que assessoraram as representações sindicais.
A FUP cobrou maior engajamento da subsidiária e da holding na construção de alternativas, junto com os sindicatos, para retomar os investimentos da empresa e os postos de trabalho, reforçando a grande expectativa os trabalhadores sobre essas reuniões, dada a insegurança da categoria com o futuro da PBio.
Apesar da reunião ter sido realizada presencialmente, na sede da Petrobrás, no Rio de Janeiro, novamente não contou com a presença de representantes da holding, que acompanharam a reunião virtualmente, descumprindo o que havia sido acordado na construção desse calendário de negociação.
Conforme tratado na reunião anterior, os gestores da PBio e da Petrobrás ficaram com a tarefa de apresentar as propostas que estão sendo pensadas para o futuro da empresa, bem como demonstrar as saídas e soluções propostas para fortalecimento e reconstrução do setor de biocombustíveis, após anos de desmonte e tentativa de privatização nos governos Temer e Bolsonaro.
Gestores fazem apresentação
O presidente da PBio, Danilo Campos, apresentou um panorama sobre a situação da subsidiária desde a sua criação, destacando os períodos de expansão das atividades da empresa, entre 2008 e 2016, e de preparação para privatização, entre 2017 e 2022.
Foram também apresentadas as medidas adotadas pela atual gestão, desde 2023, para retomada da empresa. O executivo da PBio citou iniciativas e projetos em estudo para implementação nos próximos anos, com foco na garantia de rentabilidade financeira da empresa.
O presidente da subsidiária afirmou que o objetivo é construir maior sinergia para fazer da PBio a maior fornecedora de óleo vegetal para a produção de biocombustíveis pela Petrobrás. Ele destacou a recente decisão da Petrobrás em contratar a subsidiária para comercialização do enxofre gerado em suas refinarias.
O representante da Diretoria de Transição Energética da Petrobrás reforçou a premissa prevista no novo Plano Estratégico da empresa, que não mais prevê a saída do setor de biocombustíveis. Entretanto, a empresa não apresentou nenhuma proposta para fortalecimento da PBio e se restringiu a reafirmar que a retirada do processo de privatização depende da reversão de resultados financeiros negativos acumulados pela subsidiária.
Retomada dos investimentos
As assessorias do Dieese e do INEEP ressaltaram a importância estratégica da PBio para a Petrobrás dentro do contexto geopolítico mundial e questionaram a falta de dados financeiros detalhados, de propostas concretas de reconstrução da empresa e de um projeto claro da holding para a subsidiária em relação às suas iniciativas de transição energética.
A FUP e seus sindicatos cobraram novamente a retirada imediata da PBio do processo de desinvestimento, em alinhamento com o novo Plano de Negócios da Petrobrás e o programa do governo Lula. Os sindicatos questionaram a falta de qualquer previsibilidade quanto a esse movimento pela holding e a cobrança restrita à reversão de resultados financeiros, sem levar em conta as contribuições estratégicas da PBio para o projeto de transição energética da estatal.
Reabertura da Usina de Quixadá
Foi também cobrada propostas concretas para a reabertura da Usina de Biodiesel de Quixadá (CE), hibernada desde o seu fechamento pelo governo Temer. Os sindicatos se colocaram à disposição para contribuir com soluções e estudos para a retomada da unidade.
A FUP e seus sindicatos questionaram ainda a ausência de qualquer menção aos trabalhadores no planejamento futuro da PBio. As representações sindicais lembraram que o clima de incerteza e agonia persiste na PBio, assim como uma percepção de insegurança quanto ao futuro dos seus empregos e de desvalorização e falta de isonomia em relação à holding.
As entidades irão avaliar as informações apresentadas pela empresa e, na próxima reunião, ainda a ser agendada, apresentarão um conjunto de propostas construídas pela categoria, com subsídios das assessorias técnicas, para garantir o futuro da PBio e os direitos de seus trabalhadores.
A PBio se comprometeu a apresentar, ainda nesta semana, o novo Plano Estratégico da subsidiária para os trabalhadores e detalhar as propostas para a FUP e seus sindicatos em uma próxima reunião.
“Há resistências internas”
“Infelizmente, essa reunião reforçou um sentimento de que há resistências internas na Petrobrás em relação ao fortalecimento da PBio, da transição energética justa e da garantia de um futuro para os seus trabalhadores. Não podemos aceitar que a importância estratégica da PBio para o país seja reduzida por uma mentalidade que só pensa no lucro a curto prazo para acionistas, assim como também não podemos permitir uma situação de total incerteza sobre o futuro da categoria após um ano de governo Lula. Nosso compromisso agora é apresentar a nossa proposta para a PBio que queremos, e cobrar para uma verdadeira virada de chave na subsidiária”, afirmou o diretor da FUP e do Sindipetro MG, Felipe Pinheiro Paiva.