Confederação Nacional dos Metalúrgicos
O número de mulheres na categoria metalúrgica atingiu o maior patamar dos últimos 11 anos: saltou de 14,7% em 2002 para 18,6% em 2012. Isso representa um crescimento de 26,6% no período. A informação é da Subseção do Dieese da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) e consta de um estudo inédito sobre o perfil da mulher metalúrgica brasileira.
O levantamento foi feito a partir de dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) e do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), ambos do Ministério do Trabalho e Emprego, como parte das ações da CNM/CUT para marcar o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.
O estudo mostra que em 2012, dos quase 2,4 milhões de trabalhadores metalúrgicos na ativa no Brasil, mais de 1,9 milhão eram homens, enquanto 445 mil eram mulheres. “Ainda trabalhamos numa categoria predominantemente masculina”, atesta Marli Melo, secretária da Mulher da CNM/CUT. No entanto, a sindicalista lembra que, em números absolutos, a participação feminina representava cerca de 197 mil trabalhadoras em 2002 e chegou a 445 mil em 2012.
Participação masculina diminui
Ao analisar separadamente o primeiro e último anos da série, observa-se que a participação feminina cresceu 26,6%, enquanto que a masculina recuou 4,6%. “Apesar de esta informação revelar um movimento importante de aproximação, ainda levariam algumas décadas para que a participação dos sexos se tornasse melhor distribuída”, avalia Rafael Serrao, economista da Subseção do Dieese da CNM/CUT e um dos autores do estudo (ver Tabela 1 abaixo).
O estudo mostra ainda que, na distribuição dos gêneros no interior dos segmentos que compõem o ramo metalúrgico, a participação feminina é mais significativa no setor de eletroeletrônicos (35,3%). Já no setor naval as mulheres representam somente 8,4% do total de ocupados (Tabela 2).
Distância salarial aumenta
De acordo com a Subseção do Dieese, no que se refere aos salários da categoria, há ainda uma grande distância entre o que é pago aos homens e às mulheres metalúrgicas.
O estudo conclui que o movimento não é de aproximação como no número de trabalhadores. “Entre 2010 e 2011 (último dado disponível) a remuneração tornou-se mais desigual. Em 2010 a remuneração média das mulheres era 27,9% menor que a dos homens. Em 2011 a distância apresentou pequeno aumento, atingindo 28,3%”, informa Rafael Serrao.
Em dezembro de 2011, as mulheres recebiam em média R$ 1.865,38 (em valores da época), contra R$ 2.600,43 dos homens. O setor que revelou menos distância foi o naval (2,7%); por outro lado, no eletroeletrônico as mulheres recebiam 37,3% a menos (Tabela 3).
“Apesar de várias ações de combate à desigualdade salarial, este ainda é um dos grandes desafios para os sindicatos de base, as federações estaduais e a CNM/CUT. E também para o movimento sindical no geral, porque as diferenças salariais são uma realidade no mercado de trabalho como um todo”, destaca Marli Melo, lembrando que essa disparidade persiste mesmo com as trabalhadoras tendo maior escolaridade que os homens metalúrgicos.
O levantamento do Dieese mostra que entre os homens da categoria, os com ensino superior completo representam 9,27%. Entre as mulheres metalúrgicas, as que concluíram o ensino superior são 15,48% (Tabela 4).
Mesmo avaliando as desigualdades apontadas pelo estudo, a secretária da Mulher da CNM/CUT entende que as mulheres têm ampliado seus espaços de participação na sociedade. “Se olharmos para trás, veremos que – apesar da opressão, da discriminação e do dado cultural que nos colocava em posição de inferioridade – avançamos bastante nas últimas décadas, graças às políticas afirmativas e às ações das entidades sindicais e da sociedade civil. É isso que devemos ter em mente nesse Dia Internacional da Mulher: valorizar o que já conquistamos para que isso nos sirva de estímulo para avançar mais e mais”, conclui.